Mirassol contraria expectativas e se torna exemplo; relembre a campanha dos últimos novatos na Série A

Dono de uma campanha histórica, o Mirassol se mostra como um exemplo a ser seguido para todos os clubes do Campeonato Brasileiro Série A. Cotado para brigar contra o rebaixamento até o final da competição, a equipe paulista supriu todas as expectativas possíveis e compõe o G-4 na 24ª rodada do torneio, garantindo uma vaga na Libertadores da América.

Sem estrelas ou altos investimentos, o Leão Caipira representa a força de um trabalho bem-feito internamente, acima de qualquer vaidade. Além de marcar uma campanha histórica, 2025 é o ano de centenário do clube. Nos últimos anos, o Mirassol frequentou divisões anteriores e foi campeão da Série D em 2020, da Série C em 2022 e conquistou o acesso para a primeira divisão em 2024.

A mudança de status da equipe paulista deve-se muito a um acontecimento específico em 2017: a venda do atacante Luiz Araújo, então jogador do São Paulo, para o Lille da França. Revelado pelo Mirassol, o atleta rapidamente se transferiu para o time da capital, onde se destacou até ser vendido para Europa no valor de R$ 38 milhões de reais.

Por ser um clube formador, o Leão Caipira tinha direito a 20% da transferência (R$ 7,7 milhões) e usou o novo dinheiro de forma correta. Ao invés de sair em contratações e formar dívidas, a administração do clube decidiu investir na construção do novo Centro de Treinamento (CT), o que estrutura o clube por completo.

Também prefeito da cidade, Edson Ermenegildo é presidente do clube há mais de 30 anos, caracterizando-se por ser um “cérebro anônimo” da gestão. Em 2020, ele explicou a importância de investir o valor internamente.

“O que nós recebemos da transferência do atleta para a França deu oportunidade para que iniciássemos a construção do CT. Era um projeto e um sonho que conseguimos efetivar com um CT moderno e que desse condições de trabalho aos nossos atletas profissionais e da base. Um dos nossos objetivos era nos inserirmos nas competições organizadas pela CBF para que tenhamos calendário o ano todo, o que o CT nos ajudou a concretizar”, disse Edson.

No momento desta matéria, o Mirassol ocupa a 4ª posição com 42 pontos em 24 partidas disputadas, na frente de clubes com investimentos gigantescos como Bahia e Botafogo. Se terminar assim, os paulistas irão para Libertadores em sua primeira participação no Campeonato Brasileiro, quebrando um recorde histórico.

Além do clube paulista, você relembra quais foram os últimos times a disputar o torneio mais importante nacionalmente pela primeira vez (na história ou muito tempo depois)? Relembre como foram as campanhas dos estreantes do Campeonato Brasileiro nas últimas 10 edições, 2014 a 2024.

Chapecoense 2014

Humilde time do interior de Santa Catarina, a Chapecoense chegava ao topo do cenário do futebol nacional em 2014, após conquistar o acesso na Série B de 2013, na segunda posição. Lutando contra o rebaixamento e terminando com 43 pontos, a “Chape” fez um campeonato honesto, se mantendo. Os anos seguintes, no entanto, foram de reafirmação, com grandes campanhas.

Apesar da empolgação, uma enorme tragédia de avião no ano de 2016 marcou a cidade e o futebol para sempre. A maioria do elenco que estava se afirmando nacionalmente acabou falecendo no acidente do dia 29/11/2016. Após a tragédia, o clube ainda se classificou para Libertadores em 2018, mas foi eliminado na pré.

O clube está na segunda divisão desde 2021, chegou a brigar contra rebaixamento para Série C e em 2025 sonha com o acesso.

Joinville 2015

Outro time de Santa Catarina, o Joinville não conseguiu seguir os mesmos passos do rival. Estreando em 2015, o “JEC” foi rebaixado logo de cara e não conseguiu, sequer, lutar bravamente, caindo na última posição. Nos anos seguintes, aconteceu o pior: quedas meteóricas.

Atualmente, o clube disputa apenas Campeonato Catarinense e Série D, última divisão nacional. Chegou a se classificar para o mata mata de acesso, mas foi eliminado após levar uma goleada do Cianorte.

Santa Cruz 2016

Clube extremamente tradicional no Nordeste, o Santinha, como é conhecido, chegou para primeira divisão após muitos anos de ausência em 2016. O começo foi animador e o tricolor chegou até ficar na liderança da competição. No entanto, a enorme crise extra-campo refletiu nas partidas e a equipe pernambucana foi rebaixada na 19ª posição.

Após 2016, o Santa Cruz viveu uma crise sem fim e foi caindo de divisão em divisão, chegando a ficar sem calendário nacional no ano de 2024. Buscando se reestruturar, em 2025 os pernambucanos conseguiram retornar à terceira divisão e sonham voltar para elite.

Paraná 2018

O Paraná Clube foi a grande novidade do futebol brasileiro para primeira divisão em 2018. Com anos de ausência, o clube paranaense retornava para a Série A após passar anos na B. As expectativas e otimismo, no entanto, ficaram do lado de fora e o tricolor foi rebaixado sem conseguir lutar, na lanterna.

Seguindo exemplo de outros clubes da lista, o Paraná também teve uma queda meteórica, chegando a figurar até mesmo a segunda divisão do estadual. Atualmente, o clube segue sem divisão e busca uma venda para Sociedade Anônima do Futebol (SAF).

CSA 2019

Outro clube tradicional no cenário nordestino, o CSA teve uma ascensão meteórica nos anos 2010 e chegou a primeira divisão em 2019. Apesar da empolgação, o clube foi rebaixado de cara, na 18ª posição e teve sua participação marcada por derrotar o Cruzeiro no Mineirão.

Com grande década, a expectativa para os anos 2020 era de se manter perto, ou no cenário. Em 2021, por exemplo, a equipe alagoana quase retornou à primeira divisão. No entanto, os anos seguintes foram de pura decepção e o clube foi caindo de divisão em divisão. Neste ano, o CSA foi rebaixado para Série D.

Fortaleza 2019

Mais um para os nordestinos, o Fortaleza segue um caminho contrários dos rivais. O clube cearense sempre figurou na primeira divisão, porém o começo do século e a década de 2010 trouxeram um pesadelo inesquecível: A terceira divisão.

Apelidado como Leão do Pici, a equipe ficou por 8 anos na Série C, com diversas eliminações traumáticas nas últimas rodadas. Após conseguir o acesso para Série B em 2018, o Fortaleza sagrou-se campeão nacional e já foi diretamente para primeira divisão.

No Campeonato Brasileiro Série A até hoje, o Fortaleza quebrou inúmeros recordes para o futebol nordestino: posição mais alta nos pontos corridos, maior pontuação, primeiro a chegar na final da Sul-Americana. Fora isso, foram três participações na Copa Libertadores. Apesar dos grandes anos, em 2025 o tricolor cearense briga contra o rebaixamento.

Bragantino 2020

O “Massa Bruta” segue um passo diferente dos demais citados na lista. De Bragança Paulista, São Paulo, o Bragantino retornou a primeira divisão em 2020 após muitos anos de ausência. Muito da conquista é pela venda do clube ao “Red Bull” em 2019, que mudou uniforme, escudo e trouxe investimento, resultando no título nacional no mesmo ano.

Após pisar na primeira divisão, o clube já tinha investimento e conseguiu terminar na 10ª posição. Nos anos seguintes, o Bragantino jogou libertadores, foi até a final da Sul-Americana e orgulhou a cidade. Fora o grande susto do quase rebaixamento em 2024, os paulistas normalmente fazem campeonatos tranquilos.

Cuiabá 2021

Apelidado na internet como o “Mirassol antes do Mirassol”, o Cuiabá foi mais um time que supriu as expectativas do cenário nacional. Sua primeira participação, em 2021, era marcada por sua estreia e a expectativa de um rebaixamento era grande entre os torcedores de outros clubes brasileiros.

No entanto, o clube, apesar de brigar para não cair, fez uma campanha sólida e permaneceu na elite. Nos anos de 2022 e 2023, o patamar subiu e o Dourado nem sequer se preocupou com o rebaixamento, sendo pedra no sapato de diversos clubes tradicionais.

A empolgação parou em 2023 e o clube foi rebaixado em 2024, na lanterna. Atualmente, o Cuiabá faz uma boa Série B e sonha com o acesso para retornar a elite.