"Vai ter que me prender pra me calar", afirma Silas Malafaia após ser alvo de operação da PF
Operação cumpria um mandado de busca e apreensão expedido por ordem do ministro Alexandre de Moraes
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom
Na noite da última quarta-feira (20), o pastor Silas Malafaia reagiu publicamente à operação da Polícia Federal que o colocou no centro das investigações autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em declaração, ele afirmou que só será silenciado se for preso: "Eu que sou o criminoso? Isso é uma vergonha (...) Que país é esse? Que democracia é essa? Eu não vou me calar. Vai ter que me prender pra me calar", disparou.
Malafaia, que retornava de Lisboa, foi abordado por agentes da PF assim que desembarcou no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. A operação cumpria um mandado de busca e apreensão expedido por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Além da apreensão do celular do pastor, a decisão judicial determinou a entrega de seu passaporte e impôs a proibição de saída do país. O líder religioso, conhecido por seu alinhamento político com o ex-presidente Jair Bolsonaro, é citado em relatório da PF como peça importante em um suposto esquema articulado por aliados do ex-chefe do Executivo.
Segundo o documento encaminhado ao Supremo, as investigações apontam que Jair e Eduardo Bolsonaro teriam contado com “auxílio material de terceiros” em ações que teriam fins criminosos. A atuação de Malafaia, conforme a PF, estaria integrada a essa engrenagem.
A Polícia Federal detalha que os investigados agiam com divisão de tarefas e estratégias sincronizadas. O relatório destaca que Malafaia teria atuado “de forma livre e consciente”, colaborando com os demais investigados na elaboração de estratégias de intimidação e na propagação de narrativas falsas.
Ainda nesta quarta, Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo foram formalmente indiciados pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
A análise de dados extraídos do celular de Bolsonaro reforçou, segundo a PF, a existência de um “conjunto orquestrado de ações” com o objetivo de pressionar membros do Judiciário e do Legislativo. As conversas identificadas ocorreram entre 13 de junho e 18 de julho deste ano.
Silas Malafaia, além de aliado político, tem papel ativo na organização e financiamento de manifestações em apoio ao ex-presidente.
Com o indiciamento e as novas evidências, o ministro Alexandre de Moraes encaminhou o relatório à Procuradoria-Geral da República (PGR). Caberá agora ao procurador-geral, Paulo Gonet, decidir se apresenta denúncia, se solicita novas diligências ou se arquiva o caso possibilidade esta considerada pouco provável até o momento.