Governo teme reação de Trump após ações contra Bolsonaro
Planalto acompanha com cautela possível retaliação dos EUA e avalia que operação da PF foi estritamente judicial
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O governo brasileiro está em estado de alerta diante da possibilidade de uma reação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após as medidas judiciais impostas nesta sexta-feira (18) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o uso de tornozeleira eletrônica e impôs medidas restritivas contra Bolsonaro, incluindo proibição de contato com aliados próximos.
Segundo informações publicadas pelo jornalista Valdo Cruz, do portal G1, o receio no Palácio do Planalto é de que Trump tente retaliar diretamente o ministro Moraes, ampliando ainda mais a tensão diplomática entre os dois países.
Fontes do governo destacam que a operação da Polícia Federal (PF) foi conduzida sob autoridade do STF, dentro do papel da PF como polícia judiciária, e não por determinação do Ministério da Justiça. A avaliação é de que esse detalhe reforça a independência dos poderes no Brasil e comprova que os órgãos de Estado seguem funcionando regularmente, mesmo diante de pressões externas.
A postura de Trump, que já havia ameaçado o Brasil com a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos nacionais, tem sido acompanhada com apreensão pelo Itamaraty e pelo núcleo político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O temor é que o norte-americano use as medidas contra Bolsonaro como justificativa para endurecer o tom diplomático e buscar interferência nas instituições brasileiras.
No entanto, fontes do Planalto afirmam que o governo trabalha para mostrar à comunidade internacional que as ações judiciais estão sendo feitas dentro do Estado de Direito, e não têm motivação política. A expectativa é de que, com apoio institucional e diplomático, o Brasil consiga neutralizar qualquer tentativa de Trump de usar o caso Bolsonaro como argumento de perseguição política.