Dono da Ultrafarma e diretor da Fast Shop são libertados após prisão na Operação Ícaro
Empresários seguem sob investigação em esquema bilionário de corrupção no fisco paulista

Foto: Divulgação
O empresário Sidney Oliveira, fundador da Ultrafarma, e Mário Otávio Gomes, diretor da Fast Shop, foram soltos no fim da tarde desta sexta-feira (15), três dias depois de terem sido detidos pela Operação Ícaro, conduzida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Ambos seguem sob investigação e precisarão cumprir medidas cautelares estabelecidas pela Justiça.
A apuração mira um esquema de corrupção bilionário envolvendo créditos tributários irregulares de ICMS e pagamento de propinas a fiscais da Secretaria da Fazenda de São Paulo. O auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto é apontado como peça central da fraude, acusado de manipular processos para favorecer grandes companhias em troca de pagamentos mensais por meio da empresa Smart Tax, ligada à sua mãe. Entre as empresas citadas estão a Ultrafarma e a Fast Shop.
Sidney foi preso na última terça-feira (12), quando a operação foi deflagrada. No mesmo dia, também foram detidos Gomes e Artur. Segundo o MP-SP, o esquema teria movimentado mais de R$ 1 bilhão em propinas para beneficiar grandes varejistas no estado.
Quem são os envolvidos
Sidney Oliveira iniciou sua trajetória profissional aos 12 anos em uma farmácia. Nos anos 2000, fundou a Ultrafarma, que hoje possui seis unidades próprias e mais de 400 licenciadas em todo o país.
Mário Otávio Gomes atua há mais de três décadas na Fast Shop e ocupa o cargo de diretor estatutário desde 2014, posição que o responsabiliza por eventuais prejuízos ligados à gestão.
Já Artur Gomes da Silva Neto é supervisor da Diretoria de Fiscalização da Sefaz-SP e é acusado de operar o esquema por meio da Smart Tax, cujo patrimônio saltou de R$ 411 mil em 2021 para R$ 2 bilhões em 2024, mesmo sem possuir funcionários.
Por que Sidney foi preso?
De acordo com os promotores, centenas de e-mails mostram comunicação direta entre o empresário e o auditor fiscal. O MP-SP afirma ainda que Artur tinha até o certificado digital da Ultrafarma para protocolar pedidos em nome da companhia junto à Sefaz. Também foi identificado o pagamento de R$ 1,2 milhão ao advogado Fernando Capez, ex-deputado estadual, para defender o empresário em outra investigação.
Outras empresas sob suspeita
Além da Ultrafarma e da Fast Shop, o inquérito cita outras companhias que teriam se beneficiado do esquema, como o Grupo Nós (rede de conveniência Oxxo), a Rede 28 de combustíveis, a Kalunga e a distribuidora All Mix.
Em nota, a Fast Shop declarou não ter tido acesso completo ao processo e garantiu estar colaborando com as autoridades. A Ultrafarma ainda não se manifestou.