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Estados Unidos da América e as raízes da cultura da violência

Estados Unidos da América e as raízes da cultura da violência

País é mundialmente conhecido pela violência armada nas raízes da sociedade

| Autor: Lucca Anthony

Foto: Freepik

Um dos países mais comentados no mundo, os Estados Unidos são exemplos seja por sua força e dominância global ou por desenvolvimento, tecnologia, estudo, saúde, etc. Porém, algo já enraizado no senso comum mundial é que o país também é exemplo de violência urbana brutal em alguns aspectos, transformando sua reputação que mesmo sendo um país de "primeiro mundo" vive reais problemas. Recentemente, a cidade de Filadélfia, no estado da Pensilvânia, berço da independência americana, viveu momentos de terror, quando na madrugada do dia 7, uma troca de tiros matou três pessoas e feriu mais dez. Logo, se é questionado, porque um país desenvolvido, considerado de primeiro mundo, é marcado constantemente com extrema violência interna que atinge até mesmo crianças e jovens dentro de escolas e faculdades. 

HISTÓRIA E GEOPOLÍTICA DE GUERRA: 

Os Estados Unidos na maioria das vezes tiveram "um pé" nas grandes histórias de guerra que o mundo já viveu. Seja ao entrar na Primeira Guerra Mundial como fornecedora de armamentos e empréstimos, Segunda Guerra Mundial contra o eixo, Guerra Fria, Guerra da Coreia, Guerra do Vietnã, Afeganistão, caçada contra terroristas até a guerra civil americana e sua independência. O americano sempre viu o país lutar e consequentemente cresce nele o sentimento de que é preciso "lutar para conquistar", como ensinado pelo país nas guerras vencidas e disputadas.

Por conta disso, é "comum" ver grupos com pensamentos violentos, que usam como justificativas de seus atos a "cultura de guerra". Um dos maiores exemplos de grupos assim é a criação do grupo racial Ku Kux Klan, um grupo de supremacistas brancos, veteranos da Guerra Civil que tinham como pensamentos, além de obviamente o racismo, reviver momentos de glórias e conquistas da guerra, buscando implementar uma política nacional de raça. Como explicado, seus líderes, veteranos de guerra, utilizavam táticas de guerrilha em busca de seus objetivos, propagando extrema violência e medo, até mesmo nas suas roupas, que com uma manta branca e capuz em formato de cone, faziam alusão aos folclóricos "fantasmas da guerra". 

PROBLEMAS CIVIS E DESIGUALDADE: 

Entretanto, se engana quem acredita que os problemas são somente para grupos radicais e supremacistas. A violência já se tornava algo enraizado na população, com a aparição de máfias e gangues controlando as comunidades mais pobres do país. Os Estados Unidos era um local bastante popular para mafiosos, principalmente na época em que o tabaco e a bebida alcoólica eram proibidas no país. Nomes como Al Capone e Johnny Torrino - considerados reis do submundo - mandavam e desmandavam em Chicago com seu império de álcool e prostituição. 

Logo, como o contrabando lucrava bastante, outros rivais e contrabandistas apareceram no cenário, criando uma forte rivalidade, ocasionando assim, em mortes, tiroteios e manipulações nos órgãos governamentais. Segundo o estudo do Chicago Historical Homicide Project (Histórico Projetado de Homicídio em Chicago, na tradução livre), o número total de homicídios na cidade aumentou em 21% na década de 20, época da Lei seca.

Já atualmente, como "herança" da dura época dos anos 20 e 30 - que também contou com a crise econômica de 1929 - há as gangues, nascidas nessa época. Muitas vezes, grandes comunidades de metrópoles americanas como Los Angeles, Chicago, Nova York e Detroit tiveram famosas gangues, como as mais conhecidas e representadas no entretenimento americano, os Bloods e os Crips, representados respectivamente com as cores Vermelha e Azul. De raízes afro-americanas, os rivais transformaram suas comunidades em "guetos" (apelidaram seus locais de origem assim) e plantaram uma grande guerra em Los Angeles. 

ENTRETENIMENTO: 

Baseado nas raízes da dura época, desde as guerras, da máfia e agora das gangues, o entretenimento americano retrata bastante sobre a violência enraizada no país. Em filmes hollywoodianos há uma grande mesclagem, uns são como heróis patrióticos e americanos que vão à guerra lutar por seu país, como o Capitão America, outros são espiões que também guerreiam pelo país, como em "Missão Impossível" e outros são soldados nas Grandes Guerras como em "Bastardo Inglórios", "Apocalipse Now" e "Rambo". 

Já na parte da música, o estilo que bem representa a vida no gueto e a sobrevivência no mundo do crime é o Rap. Uns dos maiores nomes da história do cenário, elevou e mostrou ao mundo o que uma briga violenta faria. Tupac e Notorius Big pararam todos os Estados Unidos, elevando o nível de suas músicas a cada diferente faixa. O problema é que, por representar o gueto em sua forma pura, tanto nas músicas quanto no estilo de vida, os dois faleceram baseados na violência que cantavam. Tupac Shakur foi assassinado em um tiroteio em Las Vegas, e o crime é constantemente associado à rivalidade entre as gangues (Bloods e Crips) e ao ambiente violento do mundo do Rap na época, principalmente por conta da rivalidade entre costa oeste (Tupac - Los Angeles) e costa leste (Big - Nova York) presente. 

Nos videogames, vários jogos retratam e criticam a sociedade violenta, trazendo uma imersão mais profunda para esse mundo. Querendo ou não, mesmo sendo uma crítica, se tão bem feita e imersiva, pode ser um fator de influência. Óbvio, não serão os jogos culpados pela alta taxa da criminalidade, mas pode ser um fator. O maior exemplo de jogo seria a série GTA (Grand Theft Auto), que imerge o jogador ao mundo de violência, corrupção, drogas, etc., em forma de críticas muito bem elaboradas. No jogo GTA San Andreas, o jogador vive na pele de CJ, um jovem que fugiu de sua comunidade após virar um gueto, mas precisa voltar ao local após o assassinato de sua mãe, representando a violência explicita desses locais.

LEGADO EXAGERADO OU REALISTA?

No fim, é perceptível que o país americano tem sim um sério problema de violência interna, que prejudica até mesmo crianças em lugares considerados seguros, com invasões e atentados em escolas, como o massacre em Columbine no ano de 1999 ou o ataque na faculdade Virgínia Tech em 2007. 

Porém, outro ponto de debate é se esses casos se tornam mais violentos e comuns por conta do poder midiático que os Estados Unidos têm no mundo, já que, como em outros países, a violência se tornou um problema estruturado na sociedade. Agora, cabe às pessoas e aos órgãos responsáveis reformularem seus ideais e pensar em como extinguir esse pensamento e a cultura da violência que atinge o convívio humano.  

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