De quem é a culpa? Salvador registra aumento no número de acidentes de trânsito e preocupa moradores
Casos recentes reforçam alerta de ter cuidado no trânsito
Foto: Reprodução / TV Bahia
No dia 14 de agosto de 2025, uma mulher faleceu após ser atropelada por um carro, no bairro do Canela em Salvador. Dois dias depois, 16 de agosto, o atleta Emerson Pinheiro foi atropelado por um motorista que apresentava sinais de embriaguez e teve a perna direita amputada devido os traumas. O que apenas parece ser uma coincidência nas datas, se prova uma rotina no dia a dia soteropolitano. Seja uma possível ausência de faixa ou irresponsabilidade do motorista, o tópico “trânsito” é algo recorrente a ser debatido.
A “impressão” se tornou realidade e em 2024 a capital baiana registrou o maior número de mortes por acidentes de carro desde 2016. Segundo dados da Transalvador, mais de 4720 se feriram durante o ano, mantendo uma crescente no número que já tinha aumentado em 2023 (4252).
Em um gráfico feito pela Transalvador, é possível perceber um aumento do número de acidentes após uma queda brusca nos anos pandêmicos (2020 e 2021).

Foto: Reprodução / Transalvador
O aumento do gráfico no momento pós-Pandemia é facilmente explicado pela quantidade de carros que cresceram em número proporcional a liberação de pessoas nas ruas. Outro fator que afeta na crescente, é o aumento da intolerância no trânsito, seja de motoristas em alta velocidade ou até mesmo em uso de aparelhos telefônicos.
Para Mirian Bastos, Gerente de Educação da Transalvador, o tópico “Direção defensiva” deve ser mais abordado pelos motoristas na hora da direção.
“Tem que respeitar os princípios da direção defensiva para que ele (motorista) possa dirigir com responsabilidade, com prudência e com o cumprimento da legislação. A partir do momento que ele respeita o espaço compartilhado que é de todos, então ele deve conduzir respeitando os limites de velocidade, respeitando as placas de sinalização, respeitando a preferência do pedestre, enfim, tudo aquilo que ele possa contribuir com a segurança viária e impedir e prevenir os riscos de acidentes”, disse.
Apesar de ser um problema na cidade, algumas vias, ou avenidas, de Salvador se destacam graças aos acidentes recorrentes no local. No topo da lista nos últimos anos, a Paralela é acompanhada da Avenida ACM como as vias mais “complicadas” de se conduzir um carro. Em sua maioria, as vítimas não são fatais, onde a Avenida Afrânio Peixoto (Suburbana) lidera o ranking com mais fatalidades.
MULTAS MAIS FREQUENTES
No ano de 2024, mais de 531.009 infrações de trânsito foram registradas na capital baiana. A mais recorrente é o excesso de velocidade, que com 257.275 irregularidades representam 48% das infrações. Para completar o “top 3”, estacionar em desacordo com a regulamentação e estacionar em local público proibido pela sinalização chegam com 171.154 e 15.875, respectivamente.
Em conversa com a equipe do Varela Net, Mirian também revelou que a invasão de sinal, além da combinação álcool + direção e uso de celular também é frequente nas multas atribuídas aos motoristas.
O problema no excesso de velocidade, por sinal, é tanto que a Transalvador aproveitou a deixa do “Maio Amarelo” e lançou o projeto “Cidadão no Trânsito”, onde o tema deste ano era “Desacelere. Tem sempre alguém te esperando”. No mês citado, foram realizadas algumas palestras na tentativa de educar motoristas.
O papel dos pedestres
Divergentes em alguns aspectos, os pedestres têm um papel tão importante quanto os motoristas. Mirian Bastos relata um exemplo clássico no dia a dia, quando um pedestre pode causar um acidente geral de trânsito, acima de uma própria lesão.
“O pedestre também deve respeitar as regras de circulação para se proteger. Se proteger e proteger também a coletividade, porque ele pode não ser atropelado, mas ele pode promover também um acidente de trânsito se ele não respeitar essas regras de circulação”, explicou.
Ainda sobre as regras de circulação, ela relata sobre a vulnerabilidade que é clara e evidente em alguns casos.
“Na condição de pedestre, você está em uma condição mais vulnerável, né? Você tem que ter o respeito a esse espaço compartilhado, considerando que você não tem a proteção como tem os veículos. Você só tem você contra seu corpo. Só tem seu corpo para se proteger contra outros obstáculos. Então, você tem que respeitar também as regras de circulação no âmbito da competência do pedestre”, reforça.
Com muitos questionamentos na cidade, o comportamento dos pedestres em vias com ausências de faixas também se tornou um tópico a ser debatido. Em virtude da necessidade do debate, a educadora reforçou a necessidade da atenção e calma destes pedestres, quando for preciso.
“O pedestre deve atravessar nos locais onde ele é permitido, nas faixas, atravessar onde tem passarelas, e se não tendo esses locais de sinalização, ele deve atravessar com atenção, ter a certeza de que está sendo ele, ter a percepção de que está sendo visto pelo condutor”, iniciou.
“Indicar o desejo de sinalizar, esperar a velocidade permitida para que ele possa atravessar, que ele não pode atravessar imediatamente. Ele tem que se colocar na posição que o condutor veja que ele está com a intenção de atravessar, usar sempre roupas claras e sempre. Para atravessar no sentido da via de forma correta, em linha reta”, finalizou.
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