Carlo Acutis, o “santo milenar”, é canonizado; Entenda o processo e veja as baianas rumo à santidade
Do reconhecimento dos milagres até a canonização, saiba como funciona o caminho até o altar e conheça as mulheres da Bahia que também trilham essa jornada
Foto: Reprodução / Vatican News
Carlo Acutis entrou oficialmente para a história da Igreja Católica. No dia 7 de setembro de 2025, o jovem italiano foi canonizado em Roma pelo Papa Leão XIV e passou a ser reconhecido como santo em todo o mundo. Conhecido como o “primeiro santo milenar”, Carlo deixou sua marca ainda muito cedo: faleceu em 2006, aos 15 anos, vítima de leucemia, e tornou-se referência entre jovens por sua relação com a tecnologia e a fé.
Mas o que faz de alguém um santo? E como esse processo tem relação direta com nomes bem conhecidos da fé na Bahia, como Irmã Dulce, já canonizada, e outras mulheres em processo, como Madre Vitória da Encarnação e Maria Milza?
O passo a passo da canonização
O reconhecimento da santidade não acontece de um dia para o outro. A Igreja segue um processo longo e detalhado, dividido em quatro etapas:
- Servo de Deus: é o primeiro título recebido quando a causa de canonização é aberta. Nesse estágio, a Igreja começa a investigar a vida da pessoa, suas virtudes e testemunhos de fé.
- Venerável: depois de análise minuciosa, o Papa reconhece oficialmente que a pessoa viveu de forma exemplar, praticando as chamadas “virtudes heroicas”.
- Beato: para a beatificação, geralmente é exigido o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão da pessoa após a morte. Esse título já permite o culto público, mas limitado a determinadas regiões.
- Santo: a canonização exige, na maioria dos casos, a confirmação de um segundo milagre. É o reconhecimento definitivo, que inscreve o nome no cânon da Igreja e permite culto universal.
Os milagres que levaram Carlo ao altar
No caso de Carlo Acutis, o processo foi rápido se comparado a outros santos. Em 2012, ele foi declarado Servo de Deus. Em 2018, tornou-se Venerável.
Santo Carlo Acutis - Foto: Reprodução
Dois milagres abriram caminho para sua canonização:
- No Brasil, em 2013, o menino Matheus Vianna, de Campo Grande (MS), foi curado de uma grave malformação no pâncreas após tocar uma relíquia de Carlo. Esse milagre permitiu sua beatificação em 2020.
- Na Itália, em 2022, a jovem Valeria Valverde sobreviveu a um acidente gravíssimo de bicicleta e se recuperou de forma inexplicável para a ciência, depois de sua mãe rezar no túmulo de Carlo. Esse foi o milagre reconhecido para a canonização em 2025.
A presença baiana no altar da Igreja
A canonização de Carlo Acutis chama atenção também para a história de santidade no Brasil, em especial na Bahia. Afinal, a primeira santa nascida no país é baiana: Irmã Dulce, a “Santa Dulce dos Pobres”. Canonizada em 2019, Irmã Dulce foi reconhecida mundialmente pelo trabalho social com os pobres e doentes em Salvador.
Santa Dulce dos Pobres - Foto: Reprodução
Mas ela não é a única baiana no caminho da santidade. Outras duas mulheres seguem em processo:
- Madre Vitória da Encarnação (1661-1715), monja carmelita, já é reconhecida como Venerável pela Igreja — o que significa que suas virtudes heroicas foram oficialmente confirmadas.
- Maria Milza, conhecida como a “Santa do Povo”, segue também em análise. A fama de sua santidade e as graças atribuídas a ela mantêm viva a devoção popular, enquanto o processo avança nos trâmites oficiais da Igreja.
Assim como Carlo Acutis, essas mulheres percorrem — ou já percorreram — as mesmas etapas, mostrando que a santidade não está distante, mas é feita de histórias enraizadas em diferentes realidades: da juventude conectada de um italiano à força da fé de mulheres baianas.
Santidade que dialoga com o presente
A canonização de Carlo Acutis não é apenas um marco histórico, mas também um sinal de como a Igreja olha para o mundo atual. Um jovem que usava a internet para evangelizar agora é reconhecido no altar como exemplo para uma geração inteira.
E, da mesma forma, a santidade que brota da Bahia mostra como a fé se enraíza em contextos locais e ganha força universal. Com Irmã Dulce já canonizada, e com Madre Vitória e Maria Milza em processo, a presença baiana na lista dos santos reafirma a ideia de que a santidade pode nascer da simplicidade, da solidariedade e da vida cotidiana.
Carlo Acutis é hoje o “santo milenar”. Mas, ao olhar para as santas baianas, fica claro que a história da Igreja continua sendo escrita também daqui, com mulheres que transformaram a fé em serviço e que podem, no futuro, estar oficialmente ao lado de Irmã Dulce nos altares do mundo.