Delegado aponta mais de 100 vítimas de médico de Novo Hamburgo: "Crueldade"
Polícia diz que o especialista em sistema digestivo acumulava dezenas de cirurgias em um turno; objetivo era ganhar mais dinheiro

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Uma idosa de 72 anos está entre uma das 18 pacientes já identificadas pela Polícia Civil que morreram após serem operadas pelo médico João Couto Neto, em Novo Hamburgo (RS). A mulher tinha pedra na vesícula.
Segundo o jornal O Globo, a idosa também figura na lista que deve chegar a mais de 100 vítimas, que foram lesionadas ou mortas durante ou depois de serem operadas por Couto Neto, afirma o delegado Tarcísio Kaltbach. O cirurgião foi afastado de suas funções por 180 dias, a partir do dia 12, por decisão da Justiça.
Segundo o Kaltbach, o médico, que só atuava na rede particular, chegava a acumular até 25 cirurgias em um mesmo turno de plantão.
Uma das linhas da investigação da polícia é que esse comportamento visava a aumentar os ganhos financeiros, mas levava à negligência e aos erros médicos. Para o delegado, a quantidade de cirurgias impedia Couto Neto cuidar corretamente das intervenções e dos pós-operatórios.
Mas os investigadores ainda tentam entender como falhas tão graves foram cometidas, o que leva à hipótese de crueldade deliberada.
"Não conseguimos entender porque ele fazia isso com as pessoas. Às vezes, operava uma região do corpo, mas cortava outra que não tinha a ver com a cirurgia. Houve casos de pessoas que definharam no hospital, morrendo aos poucos. Isso é recorrente nos depoimentos", afirmou Kaltbach, que defende uma avaliação psiquiátrica do médico. "Ainda vamos evoluir para traçar o seu perfil", declarou ao Globo.
Procurada pelo jornal carioca, a defesa de Couto Neto disse que ainda não vai se manifestar porque está “aguardando a integralidade do inquérito”. O médico já foi à delegacia de Novo Hamburgo que investiga as acusações. Mas optou por não responder as perguntas dos investigadores.
O delegado contou que, além dos depoimentos, longos e numerosos, há documentos, prontuários e relatórios médicos a serem encaminhados e analisados pela perícia. Por isso, ainda não há previsão para o fim do inquérito.