Lula pede “civilidade” de Trump para rever tarifa de 50% sobre produtos brasileiros
Petista cobra diálogo com EUA e responsabiliza Eduardo Bolsonaro por medida tarifária
Presidente Lula, durante a Cerimônia de Inauguração da Usina Termelétrica GNA II |Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou, nesta segunda-feira (28), mais “civilidade” do presidente norte-americano, Donald Trump, na condução das relações comerciais com o Brasil. A crítica ocorre dias antes da entrada em vigor de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada recentemente pelo governo dos EUA.
Durante discurso na inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), Lula defendeu que divergências entre nações devem ser resolvidas por meio do diálogo — e não por medidas unilaterais.
“Eu vou fazer aquilo que, no mundo civilizado, a gente faz. Tem divergência? Tem. Senta numa mesa, coloca a divergência do lado e vamos tentar resolver. E não de uma forma abrupta, individual, tomar uma decisão de que vai taxar o Brasil em 50%”, afirmou.
Além de criticar a postura de Trump, Lula voltou a responsabilizar Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pela implementação da tarifa. O deputado federal, que está nos Estados Unidos, afirmou publicamente que participou de reuniões com autoridades da Casa Branca sobre o tema.
“Isso é o filho do coisa e o coisa [Bolsonaro] que estão pedindo para fazer. O cara que fazia campanha embrulhado na bandeira nacional. Brasil acima de tudo. E agora ele vai com a desfaçatez. Brasil acima de tudo, mas primeiro os EUA. [É] Uma falta de patriotismo…”, declarou Lula.
A tensão diplomática se intensificou após Trump enviar uma carta a Lula, criticando os processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e condenando a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso do suposto golpe de Estado.
Eduardo Bolsonaro, por sua vez, afirmou em suas redes sociais que a decisão do governo norte-americano foi tomada após uma série de encontros que ele promoveu com representantes da administração Trump, reforçando o alinhamento político entre os bolsonaristas e o ex-presidente dos EUA.
A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — incluindo itens do agronegócio e da indústria — deve entrar em vigor nos próximos quatro dias, o que pode gerar novos atritos entre Brasília e Washington.
