Putin condena ofensiva dos EUA no Irã e alerta para risco global
Declaração foi dada nesta segunda-feira (23), durante um encontro com o chanceler iraniano

Foto: EPA/Maxim Shipenkov/Agência Lusa
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, classificou como “infundado” o recente ataque militar dos Estados Unidos contra o Irã, ocorrido no último final de semana, e alertou que ações como essa colocam o mundo à beira de um grande perigo. A declaração foi dada nesta segunda-feira (23), durante um encontro com o chanceler iraniano, Abbas Araqchi, no Kremlin.
Durante a reunião, Putin criticou duramente a ofensiva americana, que atingiu três instalações nucleares iranianas, Fordow, Natanz e Isfahan e reforçou o apoio da Rússia ao Irã em meio ao crescente conflito envolvendo Israel. Para o líder russo, não há justificativa para a ação coordenada entre os EUA e o governo israelense, que ele classificou como uma “agressão não provocada”.
"A situação internacional atual está mudando de forma dinâmica. Podemos ver como a situação no Oriente Médio se agravou drasticamente. Estados de fora da região também estão sendo envolvidos no conflito. Tudo isso está levando o mundo a um caminho extremamente perigoso", afirmou Putin a jornalistas após o encontro com o diplomata iraniano.
O ataque realizado pelos EUA no sábado utilizou 125 aeronaves militares, mísseis de alta precisão, bombas específicas para alvos subterrâneos e um submarino. A operação, segundo o presidente americano Donald Trump, foi "bem-sucedida" e, de acordo com a Casa Branca, causou “danos e destruição extremamente severos” nas instalações nucleares iranianas.
A movimentação militar norte-americana acendeu alertas no governo russo. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também condenou a operação e disse que a investida americana aumentou o número de envolvidos diretos no conflito entre Israel e Irã, criando “uma nova espiral de escalada” na região.
Em janeiro deste ano, Rússia e Irã firmaram um tratado de parceria estratégica, embora o acordo não contenha cláusulas de defesa mútua. Mesmo assim, Moscou já havia emitido alertas sobre o risco de uma intervenção americana desestabilizar o Oriente Médio e arrastá-lo para o que chamou de “abismo”.
Questionado por repórteres sobre qual será a postura da Rússia a partir de agora, Peskov informou que o país se colocou à disposição como mediador, e que qualquer iniciativa dependerá das demandas do governo iraniano.
Na semana anterior, Putin já havia manifestado preocupação com a escalada entre Israel e Irã, chegando a dizer que o mundo poderia estar se aproximando de uma Terceira Guerra Mundial. Agora, diante dos novos desdobramentos, o presidente russo anunciou que irá acelerar a produção em larga escala do míssil hipersônico Oreshnik, armamento que foi testado pelo Exército russo pela primeira vez na guerra da Ucrânia, em novembro passado.