Entenda como o diagnóstico de alergia na vida adulta impacta a rotina e exige adaptação
Especialistas explicam que não existe uma única causa para o surgimento de alergias na fase adulta

Foto: Reprodução/IA
Cada vez mais adultos estão descobrindo que desenvolveram algum tipo de alergia, mesmo depois de anos consumindo determinados alimentos ou usando remédios sem qualquer problema. Essa mudança inesperada no organismo costuma pegar de surpresa e pode causar sustos, desconfortos e a necessidade de mudar a rotina. O que antes parecia inofensivo, como leite, camarão, carne vermelha ou até mesmo um remédio comum, passa a provocar reações que vão de leves até graves.
Durante muito tempo, acreditava-se que alergias eram uma condição exclusiva da infância. No entanto, estudos mostram que isso não é verdade. Uma pesquisa feita com mais de 40 mil adultos nos Estados Unidos apontou que quase metade das pessoas com alergias alimentares passou a apresentar reações após os 18 anos de idade. E o mais curioso: cerca de 25% desses adultos nunca haviam tido nenhum sintoma alérgico antes disso. Ou seja, o corpo pode simplesmente mudar a forma como reage a certas substâncias com o passar do tempo.
Especialistas explicam que não existe uma única causa para o surgimento de alergias na fase adulta. Vários fatores podem influenciar, como a genética, mudanças no ambiente, alimentação, uso frequente de antibióticos, alterações hormonais e até o estresse. Pessoas com histórico familiar de alergia também têm maior risco de desenvolver o problema. Além disso, o contato com alimentos ultraprocessados, a poluição nas grandes cidades e a redução da exposição a microrganismos naturais o que antes ajudava a fortalecer o sistema imunológico também são apontados como possíveis influências.
Os sintomas de uma alergia podem variar bastante. Em algumas pessoas, surgem minutos depois do contato com o alimento ou substância, enquanto em outras, demoram horas para aparecer. Entre os sinais mais comuns estão coceiras na pele, inchaços nos lábios e olhos, dor de barriga, vômito, diarreia, falta de ar e sensação de desmaio. Nos casos mais graves, pode acontecer a chamada anafilaxia, uma reação intensa e perigosa, que pode causar sufocamento e exige socorro médico imediato. Por isso, quem já passou por uma crise mais séria costuma andar com um kit de emergência, que inclui antialérgicos e, em alguns casos, adrenalina injetável.
Mas não são só os alimentos que causam essas reações. As alergias a medicamentos também estão entre as mais comuns na fase adulta. Muitas vezes, a pessoa toma um remédio por anos e, de repente, tem uma reação. Isso pode acontecer com antibióticos, anti-inflamatórios, anestésicos ou vacinas. Um caso que tem chamado a atenção dos médicos é a síndrome alfa-gal, causada por uma picada de carrapato. Essa condição faz com que a pessoa desenvolva alergia a carnes vermelhas e até a medicamentos que contêm derivados de animais, como gelatina ou lactose. O mais difícil nesses casos é que os sintomas aparecem horas depois do consumo, o que atrasa o diagnóstico.
Para descobrir se realmente se trata de uma alergia, é essencial procurar um alergista. O diagnóstico pode ser feito com testes de contato na pele, exames de sangue ou através da chamada dieta de exclusão, onde o alimento ou substância suspeita é retirado da rotina e reintroduzido aos poucos, sob supervisão médica. Nunca é indicado tentar diagnosticar sozinho ou tomar medidas por conta própria, já que uma reação pode ser mais perigosa do que se imagina.
Após o diagnóstico, a vida muda. A pessoa precisa aprender a conviver com a nova condição, o que exige bastante cuidado e informação. É necessário ler todos os rótulos dos alimentos, informar amigos, familiares e colegas sobre a condição, e tomar cuidado com a contaminação cruzada em restaurantes e cozinhas. Além dos desafios físicos, o impacto emocional também é grande. Muitas pessoas relatam medo constante de sofrer uma reação, ansiedade, insegurança e até evitam eventos sociais por não se sentirem seguras. Por isso, o apoio psicológico também pode ser importante nesse processo.
Atualmente, ainda não existe uma cura definitiva para a maioria das alergias. O principal tratamento é evitar completamente aquilo que causa a reação. Em alguns casos, especialmente em crianças, médicos aplicam a imunoterapia uma técnica que expõe o paciente a pequenas quantidades do alérgeno para tentar reduzir a sensibilidade. No entanto, esse tratamento ainda é limitado para adultos. Alguns medicamentos, como o omalizumabe, ajudam a controlar os sintomas e reduzir o risco de reações, mas também não eliminam a alergia.
Mesmo diante das dificuldades, é possível ter qualidade de vida com alergia. Com acompanhamento médico, informações corretas e uma rotina adaptada, a pessoa pode seguir vivendo de forma segura. O mais importante é não ignorar os sinais do corpo. Se um alimento ou remédio que sempre fez parte da sua vida começar a causar reações estranhas, procure ajuda especializada. Detectar a alergia a tempo pode evitar problemas graves e garantir uma vida mais tranquila.