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Demência: o desafio silencioso que atinge artistas no Brasil e no mundo

Mais de 55 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência, segundo a OMS

| Autor: Ramilton Silva
Demência: o desafio silencioso que atinge artistas no Brasil e no mundo

Foto: Reprodução/Redes sociais / Jardiel Carvalho / Divulgação

O cantor Milton Nascimento, de 82 anos, foi diagnosticado com demência por corpos de Lewy, uma doença que afeta a memória, o raciocínio e os movimentos. A notícia, confirmada recentemente pelo filho do artista, emocionou fãs e chamou a atenção para os desafios enfrentados por quem dedicou a vida à arte e à mente criativa.

Segundo a família, os primeiros sinais apareceram entre o fim de 2023 e o início de 2024. Milton começou a esquecer histórias, apresentar mudanças de comportamento e lapsos de memória. Após exames, veio a confirmação da doença. Mesmo com as dificuldades, o cantor segue sendo cuidado pelo filho e continua cercado de carinho e apoio.

A demência por corpos de Lewy é uma condição que mistura sintomas do Alzheimer e do Parkinson. Ela causa confusão mental, dificuldades de raciocínio, alterações de humor e rigidez muscular. Não tem cura, mas existem tratamentos que ajudam a aliviar os sintomas e retardar o avanço da doença.

O caso de Milton não é o único. No mundo da música e das artes, outros nomes conhecidos também enfrentaram ou enfrentam a demência. O cantor americano Tony Bennett, um dos maiores do jazz, foi diagnosticado com Alzheimer em 2016. Mesmo com a doença, ele continuou cantando e gravando discos, mostrando que a música seguia viva na memória.

O ator Robin Williams, que morreu em 2014, também sofria de demência por corpos de Lewy. Após sua morte, médicos confirmaram que a doença causava alucinações, confusão e mudanças de comportamento. Já o pintor William Utermohlen retratou a própria luta contra o Alzheimer em autorretratos, mostrando nas telas como a memória e a percepção mudavam com o tempo.

No Brasil, outros artistas também enfrentaram sintomas semelhantes. A atriz Nicette Bruno e o cantor Agnaldo Timóteo, em seus últimos anos, tiveram sinais de perda de memória e confusão mental. Casos assim mostram a importância do diagnóstico precoce e dos cuidados adequados, que ajudam a manter a qualidade de vida e o bem-estar dos pacientes.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 55 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência no mundo. A doença é mais comum entre idosos, mas afeta cada pessoa de forma diferente. Nos artistas, o impacto é ainda mais profundo, já que a mente e a criatividade sempre foram o centro de suas vidas.

Mesmo com as dificuldades, muitos artistas continuam encontrando na arte uma forma de se manterem conectados com o que são. Milton Nascimento, por exemplo, ainda se emociona ao ouvir suas músicas. Tony Bennett lembrava das canções mesmo quando esquecia outras coisas. São provas de que, mesmo quando a memória começa a falhar, a arte continua viva.

A demência é uma doença difícil, que mexe com quem vive e com quem cuida. Mas ela também revela o poder da arte e da lembrança. Os artistas podem até perder parte da lucidez, mas deixam um legado que continua ecoando. As canções, as pinturas e os filmes permanecem como um registro eterno de quem foram e do quanto tocaram as pessoas com seu talento.

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