NotíciasExclusivasDa greve do ABC ao terceiro mandato no Planalto: 80 anos de Lula

Da greve do ABC ao terceiro mandato no Planalto: 80 anos de Lula

Fundador do PT, ex-sindicalista tornou-se figura central da redemocratização e da vida pública brasileira

| Autor: Antonio Marzaro
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil |Foto: Ricardo Stuckert/PR

Nesta segunda-feira, (27) o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, completa 80 anos. Nascido em 1945, em Caetés, distrito de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, Lula construiu uma trajetória que o levou de operário metalúrgico a um dos nomes mais influentes da política brasileira nas últimas décadas.

A carreira de Lula começou no movimento sindical, durante os anos 1970, quando atuava como torneiro mecânico no ABC paulista. À frente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, ganhou destaque nacional ao liderar greves por melhores salários e condições de trabalho durante o regime militar. Sua atuação contribuiu para a reorganização do movimento sindical e para a formação de uma nova geração de lideranças políticas ligadas ao operariado.

Em 1980, Lula participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), ao lado de intelectuais, sindicalistas e militantes de esquerda. O novo partido surgiu com o propósito de representar os trabalhadores nas disputas eleitorais e de defender causas sociais. Ainda na mesma década, Lula ajudou a criar a Central Única dos Trabalhadores (CUT), consolidando sua imagem como principal liderança sindical e política da classe trabalhadora.

Lula disputou sua primeira eleição presidencial em 1989, na primeira corrida ao Planalto após o fim da ditadura militar. Representando o PT, chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Fernando Collor de Mello. Há quem diga que houveram "forças externas" para o alagoano derrotar o pernambucano, mas isto é uma outra história. Tentou novamente em 1994 e 1998, sendo derrotado nas duas ocasiões por Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.

Em 2002, na quarta tentativa, Lula foi eleito presidente da República, com José Alencar como vice. Seu primeiro mandato foi marcado pela implementação de programas sociais, como o Bolsa Família e o Fome Zero, além de políticas voltadas à inclusão de camadas mais pobres da população. No entanto, em 2005, seu governo foi atingido pelo escândalo do Mensalão, esquema de compra de apoio parlamentar no Congresso. Apesar das denúncias e do impacto político, Lula manteve base de apoio e governabilidade.

Reeleito em 2006, Lula ampliou programas sociais e apostou em medidas de estímulo econômico que garantiram crescimento durante parte de seu segundo mandato. Ao fim de seu governo, em 2010, deixou o cargo com altos índices de aprovação e forte influência na sucessão presidencial, quando apoiou a candidatura de Dilma Rousseff, também do PT, eleita para o período seguinte.

Nos anos seguintes, o cenário político e jurídico do país foi marcado pela Operação Lava Jato, deflagrada em 2014. A investigação atingiu diversos partidos e empresários, incluindo figuras do PT. Em 2017, Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. No ano seguinte, foi preso e permaneceu detido por 580 dias na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que réus só poderiam cumprir pena após o trânsito em julgado, o que resultou na soltura de Lula. Em 2021, a Corte anulou as condenações da Lava Jato, restabelecendo seus direitos políticos e tornando-o elegível novamente.

Nas eleições de 2022, Lula voltou a disputar o Palácio do Planalto e venceu o então presidente Jair Bolsonaro no segundo turno, tornando-se o primeiro brasileiro a conquistar três mandatos presidenciais pelo voto direto. O novo governo foi marcado por esforços de reconstrução institucional e retomada de programas sociais interrompidos nos anos anteriores.

Aos 80 anos, Lula permanece como uma das figuras centrais da política nacional, com trajetória que atravessa diferentes períodos da história recente do Brasil: do sindicalismo às disputas presidenciais, passando por crises políticas, processos judiciais e o retorno ao comando do país.

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