NotíciasCidadeSegura o bolso: população reclama da alta da cesta básica em Salvador

Segura o bolso: população reclama da alta da cesta básica em Salvador

Itens básicos tiveram um aumento de 4,21% em comparação com dezembro

| Autor: Cássio Moreira

Foto: Domingos Junior/Varela Net

Salvador tem a 15ª cesta básica mais cara do Brasil. É o que aponta o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A média da cesta, segundo o levantamento, é de R$ 540,01, um aumento mensal de 4,21%. No balanço dos últimos 12 meses, a alta chega a 10,45%.

Quando comparada com outras capitais, como São Paulo, com média de R$ 713,86, e Florianópolis, que chega 695,59, o valor parece normal. Entretanto, não é esse o sentimento dos comerciantes e dos consumidores, que sentem no bolso o impacto da alta nos alimentos. 

Comerciante da Feira de São Joaquim, um dos mercados mais populares de Salvador, Vitor Cruz admite que a alta em alguns produtos, como a batatinha, tem causado a revolta nos clientes da sua banca (do seu boxe), mas ressalta que o aumento é consequência do reajuste passado pelos fornecedores. 

"As pessoas chegam aqui e acham que é culpa nossa, mas não é. É o fornecedor. A batatinha, que eu comprava de um preço, agora está duas vezes mais caro", disse ao Varela Net, sem detalhar o valor exato do reajuste. Para manter a clientela, Vitor admite utilizar de alguns artifícios, como promoções. "De vez em quando, a gente faz um '2 por R$ 5'. Batata, a gente não pode mais fazer, mas dá para fazer com um pimentão, tomate, limão e quiabo. Aí está difícil para todo mundo", contou. 

Se o aumento interfere em quem sobrevive da venda de alimentos, atinge ainda mais quem compra os produtos. É o caso de Lucinaldo. Para a equipe do Varela Net, o mototaxista classificou a nova alta como 'absurda', além de lembrar que o cenário tem feito surgir na mesa dos brasileiros o fantasma da fome.

"Um absurdo! Cada dia que passa, as pessoas passando fome, muito complicado", disse o consumidor, que ainda revelou algumas manobras na hora de escolher os itens do carrinho. "Procuro as coisas mais baratas, mais em conta, porque senão passa fome. Corta um quilo de cada coisa", explicou.

Mas, apesar do sinal de alerta ligado no bolso dos brasileiros, Dona Maria, conhecida popularmente como Maria das Frutas, disse que tem conseguido faturar, mesmo com a reclamação dos clientes na sua banca. 

"Cada qual vai fazendo sua parte. O Brasil que a gente está é assim mesm, não tem jeito. É correr atrás para ganhar o pão de cada dia [...] Não muda muito não, dá para faturar um pouco, direintinho", diz a comerciante, que ainda revela que sempre faz uma promoção para os clientes. 

O Dieese aponta que alguns itens, como o arroz agulhinha e o leite integral, tiveram uma redução na capital baiana, com uma queda de 6,97% e 3,61%. Já o feijão, item mais popular do prato dos brasileiros, não apresentou oscilações. Diferente do café em pó, que subiu em todas as capitais em comparação com dezembro de 2021. Apontada pelos comerciantes como alvo das reclamações dos consumidores soteropolitanos, a batata não foi inclusa no levantamento do órgão no Nordeste, explicou o Dieese em em contato com o Varela Net

Leia também:

https://www.varelanet.com.br/noticias/cidade/preco-da-cesta-basica-sobe-421-em-salvador-no-mes-de-janeiro

Custando R$ 540,01, a média da cesta básica em Salvador é mais alta que o valor pago pelo Auxílio Brasil, sucessor do Bolsa Família. O programa social do Governo Federal tem girado em torno de R$ 407,01. O levantamento divulgado pelo departamento também simula o valor ideal do salário mínimo para cobrir a média da cesta básica nas capitais consultadas. Os cálculos do Dieese apontam que o necessário em janeiro de 2022 seria R$ 5.997,14, bem acima dos R$ 1.212,00. Os resultados da pesquisa mostram ainda o preço médio da cesta consome 48,17% do salário mínimo. 

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