Com direito a granada, facções fazem do Subúrbio um verdadeiro campo de guerra

Confrontos entre facções criminosas, disputa territorial e armamento pesado até com granada. Essa é a aterrorizante realidade do Subúrbio Ferroviário de Salvador, que tornou-se um verdadeiro campo de guerra nos últimos dias, o que atrapalha a vida dos moradores de uma das regiões mais populosas da capital baiana. Nesta quarta-feira (13), uma intensa troca de tiros foi registrada no Lobato. Situação que ocorre já há 15 dias no Rio Sena, palco de diversos conflitos entre grupos envolvidos com o tráfico de drogas. 

A disputa territorial atravessa as fronteiras dos bairros e, na madrugada de segunda-feira, segundo moradores, houve conflito entre facção Comando Vermelho (CV), que domina o Rio Sena, contra o Bonde do Maluco (BDM), que atua em Mirantes de Periperi.

Vídeos gravados por populares ilustram a gravidade da situação, com cenas dignas de filmes de guerra. E o risco de uma tragédia maior só aumenta. Na segunda, moradores de Mirantes de Periperi identificam uma granada na Rua Manoelito Teixeira. Equipes antibomba do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foram acionadas pela Polícia Militar (PM-BA), e seguiu os protocolos necessários para realizar uma explosão controlada, sem que ninguém ficasse ferido. 

Diante da piora da situação, a Polícia Militar resposável por combater esse tipo de situação, afirma, em nota, que tem realizado as ações necessária para combater o problema. A corporação informa que a 18ª Companhia Independente da PM reforçou o policiamento na região de Rio Sena e Mirante de Periperi com o apoio da Rondesp e de unidades especializadas.

"A intensificação das ações contra a criminalidade seguirá na região sem previsão de término. A Unidade reitera que já vem intensificado o policiamento com operações com vistas a coibir ações delituosas de quaisquer naturezas, inclusive, empregando constantes ações preventivas em consonância com a mancha criminal", informa a nota da Polícia Militar.

Ação policial deve ser pensada

Especialista em segurança pública, o advogado criminalista Marinho Soares explicou que, neste momento mais tenso, o estado não deve buscar um confronto direto com os criminosos. "Os estudos nos mostram que esse tipo de ação provoca a morte de muitos traficantes, de muitos policias e também cidadões que não tem nada ver com a situação", comentou. 

Marinho Soares disse que o ideal é que a polícia se faça presentes nessas regiões para evitar novos confrontos entre as facções criminosas. "É importante que o estado se faça presente nesses bairros, aumentando o efetivo no local, principalmente nesse momento crítico, para evitar o conflitos entre os traficantes. Precisa ser uma operação constante e, caso a polícia não tenha efetivo no local, deve deslocar agentes de outras áreas que estejam pacificadas para fazer essa força tafera", completou o advogado.

Sofrimento da população

Enquanto a guerra entre facções ganha capítulos cada vez mais terríveis, os moradores desses bairros do Subúrbio Ferroviário de SAlvador acabam sendo prejudicados. Após o tiroteio no Rio Sena, por exemplo, moradores deixaram de ir até o final de linha do bairro nas primeiras hora da manhã de segunda-feira (11), contudo, o serviço foi normalizado pouco tempo depois. "É um perigo enorme. Vivemos em uma realidade absurda. A qualquer momento podemos ser atingidos por uma bala perdida", alertou uma moradora de Mirantes de Periperi, que preferiu não se identificar.

A situação vai além e afeta também o comerciantes, que no início do mês receberam ordem dos criminosos para fechar as portas des seus estabelecimentos mais cedo. "Outro dia, um dos traficantes morreu e eles (os criminosos) prometeram um inferno em busca de vingança. Aí não tem jeito: ou eu fecho o meu bar, ou desafio a ordem dos 'donos' do bairro", disse um homem sob anonimato. 

Veja vídeo das ações de criminosos no Rio Sena:

 

 

 

 

 

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