NotíciasCidadeCelebrando 35 anos, Casa do Benin conecta Salvador e África

Celebrando 35 anos, Casa do Benin conecta Salvador e África

Equipamento comemora com a exposição Lapso Temporal, trazendo o acervo da fotógrafa Arlete Soares em suas viagens ao continente africano entre 1986 a 1988

| Autor: Matheus Lens*

Foto: Fábio Marconi

Localizada na Rua Padre Agostinho Gomes, no Pelourinho, a Casa do Benin completa 35 anos sendo um espaço de intercâmbio sociocultural e político entre dois países, Benin e Brasil. No coração do Centro Histórico, o equipamento representa um pedaço da África, possuindo um acervo composto por mais de 200 peças originária do Golfo do Benin, colecionadas pelo fotógrafo Pierre Verger ao longo de suas viagens. O espaço também possui intervenção da arquiteta modernista Lina Bo Bardi, que assinou a requalificação do espaço e desenvolveu a réplica de uma Tatassomba, edificação existente no Benin, feita de barro e teto de palha.

Como forma de celebração, o espaço recebe a exposição Lapso Temporal, que abriga o acervo da fotógrafa Arlete Soares, com registros de suas viagens ao continente africano entre 1986 a 1988, no projeto Bahia-Benin. Na gestão do espaço desde 2019, Igor Tiago conta para o Varelanet como foi o preparativo para receber o acervo, que fica em exibição no espaço até 16 de dezembro.

"Desde a pandemia estávamos pensando sobre como seria a celebração dos 35 anos da casa, até que pude visitar o acervo de Arlete Soares e tive acesso a todos os materiais. Nisso, percebi que existiam mais de 2 mil registros do processo de construção da Casa do Benin. Arlete é uma das principais articuladoras para a construção desse espaço, trabalhou diretamente com Pierre Verger, era diretora da Fundação Gregório de Matos (FGM), na época da criação, e participou diretamente do projeto Bahia-Benin, que resultou neste espaço. Arlete viajou com Verger, registrou todos os momentos no país e tudo isso nunca tinha sido divulgado, quando vi fiquei encantado! Daí reunimos uma equipe para montar essa exposição mais que especial", conta.

Lina Bo Bardi e Pierre Verger, Casa do Benin, 1988

"Quando a FGM nos convidou pra montar essa exposição, chamei a Lia Krucken para concebermos juntas o projeto, que sugeriu uma equipe curatorial que reunisse pessoas de várias áreas, para que as imagens de Arlete Soares fossem lidas de um modo transdisciplinar, transgênero, transtudo. Intuitivamente, chegamos em nomes de pessoas que nem eram nascidas na época em que o Projeto Benin/Bahia aconteceu", conta Goli Guerreiro, que assina a curadoria geral da exposição, junto a uma equipe curatorial formada por 5 artistas baianos de diversas linguagens, são: Álex Ígbò, Diego Araúja, Laís Machado, Rogério Félix e Lia Krucken.

Estando também na programação da Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), que acontece de 8 a 13 de agosto, Igor conta que manter as portas abertas para os artistas e o público geral, é um dos principais motivos para o sucesso de gestão do equipamento. "Estamos chegando em lugares fantásticos, perceber cada vez mais o interesse das pessoas em nossa história é resultado de um trabalho em conjunto. Estamos sempre em construção coletiva", diz.

Para os artistas que desejam ter suas obras expostas no equipamento, basta enviar as propostas para o e-mail [email protected] e aguardar a análise da equipe de curadoria. As propostas devem dialogar com a proposta do espaço, que valoriza as culturas negras, afro diaspóricas, afro baianas e brasileiras.

Igor Tiago, Gestor da Casa do Benin I Foto: Danile Rodrigues

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