NotíciasBrasilCibersegurança e vazamento de dados no Brasil: Saiba como se proteger nas redes

Cibersegurança e vazamento de dados no Brasil: Saiba como se proteger nas redes

Com o aumento recorrente dos ataques digitais no Brasil, saber como proteger seus dados pessoais é essencial para evitar prejuízos e manter a privacidade

| Autor: Bruno Oliveira
Segurança Digital

Segurança Digital |Foto: Freepik

Em 2024, o Brasil registrou cerca de 84,6 milhões de contas de usuários violadas, um aumento de 24 vezes em relação ao ano anterior, quando foram contabilizados 3,5 milhões de crimes digitais. Globalmente, o país ocupa a sétima posição, ficando atrás apenas da China, Rússia e Estados Unidos. Com o avanço das tecnologias e a digitalização dos serviços, cresce também a vulnerabilidade dos dados pessoais.

Nesse contexto, o Brasil se tornou um dos países mais visados por cibercriminosos. Segundo relatório da empresa de segurança digital Kaspersky, o país está entre os cinco mais atacados do mundo por vírus digitais e golpes de phishing. O alvo principal são dados pessoais, como CPF, senhas, números de cartão de crédito e até prontuários médicos.

Em 2021, um megavazamento expôs informações de mais de 223 milhões de brasileiros, incluindo pessoas falecidas. Os dados estavam disponíveis para compra na chamada deep web e incluíam nome completo, endereço, salário, score de crédito e histórico de consultas ao Serasa. O caso acendeu o alerta sobre a fragilidade das bases de dados públicas e privadas.

Não existem informações precisas sobre a origem dos vazamentos, mas há suspeitas de que os dados tenham sido compilados a partir de várias fontes, incluindo bases públicas e privadas. A principal suspeita recai sobre a empresa Serasa Experian, que, no entanto, nega ter sofrido invasão em seus sistemas. Isso evidencia o quanto estamos vulneráveis na rede.

O advogado Bruno Do Amor Divino explica que a violação de dados pessoais configura crime, conforme previsto nos artigos 136 e 927 do Código Civil. Ele destaca que, além das sanções criminais, as vítimas podem buscar indenização financeira, restauração das contas invadidas ou exclusão dos dados comprometidos.

"Existem vários tipos de crimes virtuais, mas os mais comuns são fraude cibernética imprópria, fraude financeira, roubo de identidade, phishing (roubo de dados por e-mail), invasão de dispositivos, agressão cibernética, propagação de vírus e malware e extorsão (chantagem de fotos ou vídeos privados)", afirma. 

Bruno acrescenta que, se a invasão atingir uma conta de trabalho e causar prejuízo financeiro, a empresa responsável deve indenizar integralmente os danos. “As responsáveis pelas redes têm a obrigação de garantir a segurança das contas”, ressalta.

Diante do aumento dos vazamentos e golpes digitais, especialistas em segurança digital alertam para a importância de adotar medidas preventivas. Entre as principais recomendações estão o uso de senhas fortes e únicas, a ativação da autenticação em dois fatores nas contas online e o monitoramento frequente do CPF em serviços como SPC e Serasa. Também é fundamental desconfiar de mensagens suspeitas, evitar clicar em links desconhecidos e manter os dispositivos sempre atualizados, com antivírus e firewalls ativos. Em casos de vazamento, é possível consultar se seus dados foram expostos em sites especializados e tomar providências imediatas para minimizar riscos. A proteção começa com a informação e o cuidado diário de cada usuário.

Desde que entrou em vigor em 2020, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) vem transformando a forma como empresas e órgãos públicos tratam as informações dos brasileiros. Inspirada em legislações internacionais, como o GDPR europeu, a LGPD estabelece regras claras sobre coleta, armazenamento e uso de dados pessoais, exigindo transparência e consentimento dos usuários. A medida surgiu em resposta ao aumento de vazamentos e abusos envolvendo dados sensíveis, garantindo o direito à privacidade em um cenário cada vez mais digital. Com a criação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), o Brasil deu um passo importante no fortalecimento da segurança da informação e da responsabilidade digital.

Em um mundo cada vez mais digital, garantir a segurança dos dados pessoais tornou-se tão essencial quanto trancar a porta de casa. A responsabilidade é compartilhada entre empresas, governo e cidadãos. Estar informado, adotar boas práticas e cobrar transparência são passos fundamentais para navegar com mais segurança na era da informação. A proteção dos dados é uma responsabilidade coletiva — somente com consciência e ação conjunta será possível garantir a segurança e a privacidade de todos.

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