Defesa de Jair Bolsonaro afirma ao STF que Polícia Federal tenta desmoralizá-lo
Manifestação foi enviada na noite de sexta-feira (22) ao Supremo Tribunal Federal (STF)
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a Polícia Federal buscou atingir sua imagem ao classificar o relatório do órgão como uma “peça política”. A manifestação foi enviada na noite de sexta-feira (22) ao Supremo Tribunal Federal (STF), em resposta a questionamentos sobre possíveis descumprimentos de medidas cautelares.
No documento, os advogados sustentam que o relatório teria a intenção de “desmoralizar um ex-presidente da República (que, quer queiram as autoridades policiais ou não, ainda é um líder político)". A defesa também argumenta que a análise da PF expôs aspectos da vida privada de Bolsonaro e o acusou de "fatos tão graves quanto descabidos".
O relatório final da Polícia Federal indiciou Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, pelos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Com a manifestação da defesa, caberá agora à Procuradoria-Geral da República (PGR) se pronunciar. O órgão deve avaliar os esclarecimentos apresentados e poderá encaminhar pedidos ao ministro relator do caso no STF.
Segundo apontou o relatório da PF, Bolsonaro teria desrespeitado reiteradas vezes as medidas cautelares impostas pela Justiça. Entre os indícios citados, consta o risco de fuga do país, reforçado pelo achado de um pedido de asilo político na Argentina, localizado no celular do ex-presidente.
O ministro Alexandre de Moraes, ao solicitar explicações, destacou que os investigadores identificaram intensa atividade de Bolsonaro em redes sociais, mesmo após a imposição da medida cautelar que restringia sua comunicação digital. "Durante a investigação e com a realização da restauração de dados salvos por meio de backup, a Polícia Federal verificou a intensa atividade de JAIR MESSIAS BOLSONARO na produção e propagação de mensagens destinadas às redes sociais, em clara afronta a medida cautelar anteriormente imposta”, afirmou Moraes no despacho.
Sobre o suposto plano de fuga, os advogados negaram qualquer intenção e garantiram que Bolsonaro sempre respeitou as decisões do STF inclusive a que proibia viagens ao exterior. Segundo a defesa, o ex-presidente respondeu às denúncias apresentadas e compareceu às audiências em que foi convocado.
"Parece claro que um rascunho de pedido de asilo ao presidente argentino, datado de fevereiro de 2024, não pode ser considerado um indício de fuga", registraram os advogados do ex-chefe do Executivo.