Vilão infantil: Como combater o bullying e a importância de debater o tema
Dados revelam que a violência escolar cresceu mais de 23% em 2025
Foto: FreePik
Hoje, dia 20 de outubro, é comemorado o Dia Mundial de Combate ao Bullying. Um dos principais vilões da infância de muitas crianças, o bullying é um mal que precisa ser combatido diariamente. A data marca apenas um momento específico para reforçar este combate tão importante, visto que pode afetar, não só a infância, como a vida das crianças que posteriormente crescem afetadas.
Infelizmente, o bullying não é novidade nas instituições de ensino. Mesmo que antes fosse praticado com mais veemência, a situação ainda é um grande problema. Pesquisas recentes apontam que a violência escolar cresceu cerca de 23% em relação a 2024, com grande ênfase para o aumento nas violências através das redes sociais.
O Ministério da Educação (MEC) classifica quatro categorias principais de violência: agressões extremas, como casos planejados e letais; violência interpessoal, através de hostilidade entre professores e alunos; bullying, tópico principal da matéria, caracterizando-se como intimidações físicas ou verbais; episódios no entorno escolar, a exemplo do tráfico de drogas.
Criada em 2015, a Lei 13.185 está em vigor para instituir o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (bullying). Já em 2018, a Lei 13.663 foi criada para determinar o combate ao bullying em ambientes educacionais, desenvolvendo os estudantes socialmente, além do lado educacional.
Pensando em todo o desenvolvimento estudantil, a estudante de Pedagogia, Ana Júlia Lunardi, reforçou a importância do pedagogo nesse processo. Além de citar a Lei 14.533/23, responsável por instituir abordagens de valores de modo interdisciplinar, ela citou como a atenção dos profissionais da área é importante.
“A atenção do pedagogo aos seus estudantes faz toda a diferença. O olhar sensível e a percepção de comportamentos, formas de ser e mudanças comportamentais (como maior timidez, afastamento, insegurança ou baixa autoestima) são sinais de alerta importantes”, disse Ana.
Perguntada sobre quais ações devem ser tomadas, tanto com o autor da prática, quanto com a vítima, a estudante de pedagogia levantou alguns pontos importantes. De antemão, oferecer o conforto necessário a vítima, sem expô-la é a melhor escolha, tal qual garantir a sua segurança. Fora todo o suporte psicológico, reconstruindo a confiança e empoderamento.
“Em primeiro plano, é necessário acolher a vítima sem expô-la, ouvindo ativamente e validando seus sentimentos. A seguir, garantir sua segurança imediata, combinando com esse estudante planos de proteção. Oferecer suporte psicológico e trabalhar a reconstrução de sua autoconfiança e empoderamento também são essenciais. Ressalto que esse acompanhamento não pode ser pontual, mas contínuo e atento, sempre em contato com a família, para saber se as agressões cessaram e se a vítima se sente melhor após as intervenções”, reforçou.
Por outro lado, também devem ser tomadas algumas ações com o “Infrator”, aquele que cometeu a prática do bullying. Ana Júlia relembra algumas similaridades nas ações com a vítima, no entanto, deixa claro que se deve enfrentar o comportamento, não a pessoa por trás. Com diálogo, e seguir o regimento escolar.
“Quanto ao infrator, o foco deve ser interromper o comportamento, entender a causa e promover mudanças. Da mesma forma, o contato direto com a família é de extrema importância. Devemos: confrontar o comportamento (não a pessoa) por meio do diálogo privado, descrevendo o ocorrido e deixando claro que é inaceitável e tem consequências, conforme o regimento escolar. Além disso, investigar as causas com perguntas que busquem a raiz do problema”, comentou Ana.
O bullying não é um processo que é olhado apenas a vítima e o autor, e sim, uma conscientização que é de extrema importância para toda a classe. E é neste tópico, que a jovem Ana descreveu o papel das testemunhas em todo este processo. Na visão dela, elas devem seguir em defesa da vítima e evitar que cenas se repitam, relatando a algum adulto.
“O trabalho com as testemunhas, por meio de dinâmicas e discussões que incentivem os alunos a se tornarem ‘aliados’ (e não meros espectadores), é crucial. Eles devem aprender a se posicionar em defesa da vítima e, principalmente, a relatar o caso a um adulto. Por fim, reafirmo que é necessário enraizar na escola esse tipo de diálogo antes que os conflitos aconteçam. A construção do respeito deve ser promovida antes do desrespeito!”, comenta.