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Marinha alega deficiência hormonal e veta mulher trans aprovada em 1º lugar

Marinha alega deficiência hormonal e veta mulher trans aprovada em 1º lugar

Ela precisou recorrer à Justiça Federal para não ser impedida de continuar no processo seletivo

| Autor: Redação

Foto: Reprodução

Mesmo aprovada em primeiro lugar no concurso do Serviço Militar Voluntário da Marinha, uma mulher trans precisou recorrer à Justiça Federal para não ser impedida de seguir no processo seletivo que começou em fevereiro, e que não teve o resultado divulgado até o momento.

Sabrina, que não teve seu sobrenome revelado, disputou com mais 1 mil candidatos na avaliação escrita e foi considerada "inapta" para continuar no processo pela junta médica da Marinha, que alegou que ela sofre de hipogonadismo, que é uma deficiência de hormônios produzidos nas glândulas sexuais, logo, a produção de hormônios sexuais seria baixa ou nulo. Essa condição médica é considerada como um critério para a eliminação de participantes, e encontra-se no edital do concurso da Marinha.

Segundo Bianca Figueira, advogada de Sabrina e também mulher trans, a alegação do hipogonadismo é um recurso para impedir que a candidata integre os quadros da Marinha.

"É um preconceito escancarado, claramente um caso de transfobia. Pegaram uma condição do edital e impuseram a Sabrina", disse Bianca ao portal UOL.

Ainda de acordo com o site, um laudo médico inserido no processo movido na Justiça pela candidata, afirma que ela está "normogonádica", ou seja, com os índices hormonais usuais, já que realiza reposição. Conforme o laudo, o estrogênio se apresentou de forma compensada nos exames feitos na rede particular. O documento não chegou a ser apresentado à instituição devido a ausência de tempo hábil, segundo a advogada.

Também entrevistada pelo UOL, Sabrina desabafou e disse se sentir emocionalmente desgastada.

"Tem sido emocionalmente desgastante. Eu só quero trabalhar. Me tiraram do processo por ser trans, mas sem falar isso abertamente. Eles pinçaram isso [hipogonadismo] nas características eliminatórias para me eliminar", desabafa.

Ela ainda contou que precisou apresentar muito mais exames que o habitual para um candidato e que foi necessário passar quatro vezes pela junta médica da Marinha, quando normalmente são exigidas, no máximo, duas consultas.

"Normalmente, é necessário apresentar uns 12 exames. Eu apresentei mais de 40", revelou.

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