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Projeto "Desaparecidos": Conheça a história da baiana que aparece nas caixas de leite

Projeto "Desaparecidos": Conheça a história da baiana que aparece nas caixas de leite

A iniciativa da Piracanjuba usa Inteligência Artificial para estampar as pessoas

| Autor: Redação/Varela Net

Foto: Arquivo Pessoal; Divulgação/Piracanjuba

Em outubro de 2024, o grupo Piracanjuba criou o projeto "Desaparecidos", que tinha o intuito de estampar fotos de pessoas desaparecidas em caixas de leite. No começo, foram 19 fotos e, a partir de março de 2025, mais 50 chegaram às embalagens de leite líquido e em pó da marca. Dentre elas está Bianca, a primeira baiana a aparecer. A previsão é que sua foto comece a circular a partir de junho. No dia 2 de janeiro de 2005, Bianca Cerqueira Faria, que tinha 14 anos na época, saiu de sua casa, em Salvador, para encontrar uma amiga e nunca chegou ao destino. Hoje, Bianca está com 34 anos. Todavia, as imagens que a família tem dela são de 20 anos atrás. Então entra em cena a Inteligência Artificial. 

A pedido da Piracanjuba, o artista digital especializado na técnica de projeção de idade Hidreley Dião consegue criar imagens que mostram como essas pessoas estariam atualmente. “Já fiz vários testes com pessoas que me enviaram fotos de quando eram crianças para verem se bate e é incrível a semelhança”, diz o artista, que também usa imagens de pais e avós dos desaparecidos para encontrar resultados ainda mais precisos. “Com o projeto Desaparecidos, queremos gerar empatia e contribuir para a busca dessas pessoas. É uma forma que encontramos de aproveitar um espaço já existente nas embalagens para um marketing com foco no social, o que vai ao encontro do propósito da marca”, diz a diretora de marketing do Grupo Piracanjuba, Lisiane Campos.

O projeto, que ganhou um site próprio, acontece em parceria com a Associação Mães da Sé, que é de São Paulo, mas hoje reúne mães de desaparecidos de todo o Brasil, inclusive a mãe de Bianca. Ela é liderada por Ivanise Espiridião, que conta que o grupo nasceu em 1996. De lá para cá, 5.796 pessoas foram encontradas. Ainda há 6 mil desaparecidos cadastrados, um deles é sua filha, Fabiana Espiridião, que também tem o rosto estampado nas caixinhas. Ela desapareceu com 13 anos, em 1995. “Para o estado, 30 anos depois, a minha filha não existe mais”, desabafa Ivanise. 

Ela lembra que, quando a filha desapareceu, a pauta do desaparecimento era pouco conhecida: “Ninguém dava a devida importância a esse fenômeno social. No Brasil, 212 pessoas desaparecem todos os dias e pouca gente sabe disso. A novela Explode Coração ajudou a fazer o assunto vir à tona e hoje já temos a Política Nacional de Buscas de Pessoas Desaparecidas. Avançamos muito, mas a passos lentos, o Estado ainda precisa investir muito nessa pauta”, defende a presidente da Associação Mães da Sé.

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