Médico explica diagnóstico de câncer de pâncreas de Edu Guedes
Apresentador passou por cirurgia para remoção do tumor neste sábado (5)
Foto: Reprodução/Redes sociais
O apresentador Edu Guedes, de 50 anos, passou por uma cirurgia para a remoção de um tumor no pâncreas no último sábado (5/7), no Hospital Israelita Albert Einstein, após o nódulo ser descoberto durante exames feitos em decorrência de uma crise renal. Em entrevista ao portal LeoDias, o médico oncologista Jorge Abissamra Filho explicou o diagnóstico do chef de cozinha.
Segundo o especialista, o câncer de pâncreas não costuma ser identificado de forma precoce, e por isso é um dos mais letais.
“Sim, é bastante comum o câncer de pâncreas ser descoberto incidentalmente, durante a investigação de outros problemas abdominais, como dores, infecções urinárias ou exames de imagem solicitados por outros motivos. Isso acontece porque o tumor pancreático, nas fases iniciais, raramente causa sintomas específicos, o que dificulta o diagnóstico precoce”, afirmou o médico.
“O câncer de pâncreas é considerado um dos mais agressivos porque geralmente é detectado em estágios avançados. Ele cresce de forma silenciosa e está próximo a estruturas vitais. Além disso, responde de forma limitada à quimioterapia e possui alta taxa de recorrência, mesmo após cirurgia. A combinação desses fatores torna o tratamento complexo e o prognóstico mais reservado”, complementou.
O médico também explicou os sintomas causados pela doença, que geralmente só aparecem quando o câncer já está em estado avançado.
“Os sintomas mais comuns incluem: dor abdominal persistente, que pode irradiar para as costas, perda de peso não intencional, icterícia (pele e olhos amarelados), náuseas, fadiga, fezes claras e urina escura. Em muitos casos, esses sinais só aparecem quando a doença já está mais avançada”, continuou.
De acordo com o oncologista, a cirurgia para retirada do tumor pancreático é uma das mais complexas da oncologia. O procedimento realizado por Edu Guedes, por exemplo, durou cerca de seis horas.
“O procedimento mais realizado é chamado de duodenopancreatectomia (ou cirurgia de Whipple). Ele envolve a remoção da cabeça do pâncreas, parte do intestino delgado, vesícula biliar e, às vezes, parte do estômago. A complexidade se deve à localização do pâncreas, cercado por vasos sanguíneos de grande calibre e estruturas delicadas, o que exige precisão e longa duração cirúrgica”, explicou Jorge Abissamra.
O oncologista também detalhou como deve proceder o pós-operatório, e afirmou que tratamentos como quimioterapia ou radioterapia não são necessários para todos os pacientes.
“O pós-operatório exige monitoramento intensivo em UTI, controle rigoroso da dor, suporte nutricional, muitas vezes por sonda ou veia, prevenção de infecções e fisioterapia precoce para evitar complicações respiratórias. As primeiras 72 horas são cruciais para detectar e tratar rapidamente possíveis intercorrências”, contou o médico.
“Nem todos os pacientes precisam de tratamento complementar, mas em grande parte dos casos, a quimioterapia adjuvante é indicada para reduzir o risco de recidiva. A radioterapia pode ser considerada em situações específicas, como margens comprometidas ou recidiva local. A decisão depende do tipo histológico, grau de invasão e resultados da cirurgia”, completou.