Em 'Conversa com Bial', presidente do Bahia fala sobre medo de assumir sexualidade: 'Medo de acabar com minha carreira'
Emerson Ferreti destacou a importância da terapia e do apoio emocional em sua carreira
Foto: Reprodução / Redes Sociais
O presidente do Esporte Clube Bahia e ex-goleiro de futebol, Emerson Ferreti, de 54 anos, desabafou durante a participação no programa 'Conversa com Bial', exibido nesta quinta-feira (2). No programa, ele falou sobre o preconceito no futebol e o longo caminho que percorreu até assumir publicamente sua homossexualidade.
Emerson, que começou sua carreira no Grêmio, tem passagens por clubes como Flamengo, América-RJ, América de Natal e Vitória, revelou que precisou esconder sua orientação sexual por muitos anos por medo da reação no meio futebolístico.
“Desde cedo eu entendi que o futebol não aceitava homossexuais, né? A minha adolescência foi nos anos 80. Naquela época, não tinha internet. A homossexualidade, inclusive, era considerada doença pela OMS. A gente também não tinha contato nenhum com o mundo gay, com pessoas LGBTs. Então era um mundo muito distante para mim. A descoberta foi muito solitária. O processo todo foi muito solitário. Com medo de isso acabar com a minha carreira (a revelação de que era gay)”, explicou.
O presidente ainda ressaltou que o apoio da terapia foi fundamental para enfrentar o medo e encontrar equilíbrio na vida pessoal e profissional.
“Eu vivia um dilema muito grande interno. A minha vida profissional caminhava para ter um destaque muito grande e a minha vida pessoal era um vazio muito grande por conta disso. Eu até então nunca tinha me relacionado com nenhum homem. Todo o entendimento sobre minha sexualidade, toda a aceitação, que também foi um processo difícil, foi muito solitário, foi muito só. (…) Então, para equilibrar esses dois mundos, eu acho que hoje, como eu falei, após 20 anos de terapia, eu entendo que foi uma decisão inconsciente de sair de cena”, desabafou.
Após a entrevista, Ferreti também usou o Instagram para reforçar a importância de dar visibilidade ao tema no futebol.
“Hoje sou o convidado do @conversacombial para falar de um assunto que sempre foi silenciado ao longo dos mais de 100 anos que o futebol é praticado no Brasil. (…) É preciso coragem pra falar e quebrar esse silêncio. Contar a minha história é uma forma de aliviar a dor dessas pessoas e ajudar o futebol a evoluir para um ambiente que respeite a todos, pois ninguém é igual”, escreveu.
“Através do meu relato, mostro que competência e desempenho não têm a ver com a sexualidade e, sim, uma pessoa LGBT pode ser tão boa quanto qualquer outra no futebol”, complementou.