Santa Dulce dos Pobres, o Anjo Bom da Bahia
Nesta terça-feira (13), comemora-se o dia de Santa Dulce dos Pobres, a primeira santa brasileira, canonizada há cinco anos
Foto: Santuário Santa Dulce
Hoje, 13 de agosto, a Igreja Católica celebra Santa Dulce dos Pobres, a primeira santa brasileira que foi canonizada no dia 13 de outubro de 2019 pelo Papa Francisco. O Anjo Bom da Bahia, como é conhecida, morreu no dia 13 de março de 1992 aos 77 anos, em Salvador.
Dulce Lopes Pontes nasceu em 26 de maio de 1914, em Salvador, e foi batizada com o nome de Maria Rita pelos seus pais: Augusto e Dulce Maria de Souza Brito Lópes Pontes. A garota, na época, com 16 anos, começou a manifestar a caridade. Acolhia crianças, adultos e idosos que não tinham condições financeiras e cuidava deles com os alimentos, roupas e remédios que conseguia com familiares e vizinhos.
Ingressou na Ordem Terceira Franciscana quando cursava o mestrado em Salvador. Anos mais tarde, quando se formou, em 8 de fevereiro de 1933, ingressou na Congregação Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em São Cristóvão, Sergipe. Ao fazer os votos religiosos, em 13 de agosto de 1933, ela adotou o nome de Dulce em memória da mãe, que morreu quando ela tinha seis anos de idade.
No ano de 1935, Irmã Dulce fundou o primeiro movimento operário cristão em Salvador: Sindicato Operário de São Francisco. Dois anos depois, em 1937, ela inaugurou o Colégio Santo Antônio, que era uma escola pública para os trabalhadores e seus filhos no bairro de Massaranduba. Neste mesmo ano, ela iniciou a acolhida aos doentes em prédios abandonados da cidade. No ano de 1949, com a permissão da Superiora, Irmã Dulce acolheu setenta enfermos em um abrigo no galinheiro do convento Santo Antônio, que ficava próximo à casa da congregação, e que se transformou no Albergue Santo Antônio em 1960 e em 1983 o Hospital Santo Antônio.
Ainda em 1960, foi inaugurado o Asilo Social Suor Dulce, onde abarcava em suas fundações o caráter cristão e humanitário do local. No ano de 1979, o Cardeal Arcebispo Avelar Brandão Vilela convidou Santa Teresa de Calcutá para Salvador para abertura de casa em Alagados e Irmã Dulce conheceu Santa Teresa na época, um ano depois ela encontrou pela primeira vez o Papa São João Paulo II em sua primeira visita ao Brasil, onde Irmã Dulce recebeu uma benção especial.
Nos últimos meses da vida, o Anjo Bom da Bahia ficou muito doente e piorou em novembro de 1990. Em sua segunda vinda ao Brasil, em outubro 1991, São João Paulo II foi às Obras visitar Irmã Dulce. Em março de 1992, cinco meses após a visita do Papa, Irmã Dulce faleceu em seu quarto com religiosos e amigos.
Irmã Dulce foi considerada venerável, uma das etapas que antecedem a canonização, em 2009 e beatificada pela Igreja Católica em 2011 e sempre arrastou inúmeros fies. Rebeca Sousa, devota de Santa Dulce, contou como começou a devoção pela santa brasileira. “Começou na sua beatificação em 2011 na qual fui juntamente com a minha Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora na época, foi um dia de muita alegria e emoção, milhares de pessoas reunidas no Parque de Exposições debaixo de muita chuva, mas que não nos desanimou. Neste dia senti muito a presença de Deus e dela também, senti acolhida e desde então tomei ela como minha amiga no céu”.
Para ser canonizado, o “candidato” precisa ter os milagres comprovador. O primeiro de Santa Dulce foi a cura de Cláudia Cristina dos Santos, que teve uma hemorragia após o parto do filho em 2001. Claudia recebeu a visita de um padre devoto de Irmã Dulce e se curou durante as orações a ela. O Vaticano reconheceu o ato em 2010.
O segundo milagre foi a cura do músico José Maurício Moreira que voltou a enxergar depois de 14 anos após pedir à Dulce que aliviasse suas dores de uma conjuntivite. Um dia após as orações, ele voltou a enxergar. A cura foi reconhecida e Santa Dulce foi canonizada em 13 de agosto de 2019.
Rebeca contou o sentimento durante a missa de canonização. “Muita emoção e gratidão, diante de toda a história linda que nossa Santinha carrega, ser reconhecida pela Santa Igreja como Santa Dulce dos Pobres foi sem dúvidas mais que merecido. Seus milagres, dedicação para com os pobres, sua obra de amor e zelo por Deus através do seu serviço é um grande exemplo do ensinamento que Jesus nos deixou: "Ame o seu próximo como a si mesmo" Mateus 22:39. ”, relatou.
Santa Dulce é a 37° santa brasileira. Os primeiros foram: o paraguaio Roque González de Santa Cruz e os espanhóis Afonso Rodriguez e Juan de Castillos, eles são conhecidos como “mártires do Rio Grande do Sul” e foram canonizados pelo papa João Paulo II em 1988. Em 2002, Santa Paulina foi canonizada. Em 2007, foi a vez de São Frei Galvão, nascido no interior de São Paulo. Além dele, 30 pessoas foram canonizadas de uma só vez, eles são considerados santos mártires e eram um grupo de 30 pessoas, 25 homens e cinco mulheres. A partir do ano de 2014 a lista ganhou um acréscimo e em 3 de abril, José de Anchieta virou santo. O Vaticano considera Irmã Dulce como, de fato, a primeira santa brasileira.
Neste ano de 2024, a canonização de Santa Dulce completa cinco anos e o Santuário dedicado a ela, que fica no Largo de Roma, em Salvador, está em festa desde o dia 1° de agosto com missas diárias, quermesses, bandas católicas, etc. O tema da festa é “Impulsionados pela Oração, com Santa Dulce dos Pobres, Sejamos Instrumentos da Paz Cristã”.
“Ainda não consegui ir na festa este ano, mas, minha filha foi e ficou encantada com toda história e tudo que tem lá, chegou me contando tudo. Mas ainda pretendo ir no dia 13, que é dedicado a ela. Ao adentrar lá sempre me emociono muito e sinto um misto de emoções, paz e a presença da minha Santinha como carinhosamente a chamo”, comentou Sousa, emocionada.
Hoje, 13 de agosto, o Santuário Santa Dulce dos Pobres, conta com uma programação especial. Confira:
Alvorada Festiva, às 5h30, seguida por uma série de missas ao longo do dia. Às 6h, Frei Ícaro Rocha dará início à primeira missa; às 7h, Frei Gilson de Jesus Marinho celebrará a segunda; às 8h30, Dom Marco Eugênio Galrão presidirá a terceira; às 10h, Dom Frei José Ruy G. Lopes celebrará a quarta; às 12h, Frei Anailton Brito conduzirá a liturgia do meio-dia; às 14h, Frei Mario Erky, OFMCap, celebrará a última missa da tarde; e às 17h, na Praça Irmã Dulce, acontecerá a Missa Campal presidida pelo Cardeal Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil.
Depois da missa, acontece a Procissão Luminosa encerrando as homenagens à Santa Dulce. Saindo às 19h, a caminhada será conduzida pela cantora Eli Abel e irá percorrer o Caminho da Fé e finalizando com a bênção do Santíssimo. Além das cerimônias religiosas, haverá as apresentações musicais do cantor Waldonys, às 15h; do Padre Antônio Maria, às 16h; e da banda Anjos de Resgate às 20h, que encerrará o evento.
Santa Dulce dos Pobres deixou um legado de amor, caridade e serviço. As Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) seguem atuando realizando milhões de procedimentos ambulatoriais, cirurgias, internações, etc. Além disso, o local presta assistência social, ensino em saúde, educação do ensino fundamental, ensino em saúde, entre outros.
Oração à Santa Dulce dos Pobres:
“Ó mãe dos pobres, cuidai do povo brasileiro e olhai com mais atenção aos excluídos, assim como fizestes em toda a tua vida. Do mesmo modo, ensina-nos a viver sem indiferença para estes pequeninos. Por Cristo Nosso Senhor. Amém! “
Santa Dulce, rogai por nós!