Baiano deixa Salvador para integrar batalhão de defesa na guerra contra a Rússia

O baiano e ex-radialista conhecido como Big Jhon, de 31 anos, decidiu seguir para a Ucrânia e enfrentar a guerra contra a Rússia. Morador de Cajazeiras, Big John deixou suas origens na capital baiana para seguir no que descreve como o maior desafio de sua vida.

Hoje, por questões de segurança, ele atende apenas por Arcanjo, codinome que passou a utilizar após integrar a linha de frente da defesa territorial contra a invasão russa. Ao longo da jornada, ele destaca a exaustão física e o choque psicológico. “Quando a gente chega aqui, a sensação é pesada. O que você vê na TV são imagens frias. Aqui, você sente com o coração. Cemitérios e mais cemitérios. Memoriais e mais memoriais. Tem os cemitérios para os corpos encontrados e os memoriais para os que nunca foram localizados. Você já dá de cara com a morte. É um choque imediato”, diz ele.

Mesmo com a triste situação da guerra vivida pelo país, Arcanjo afirma que foi bem recebido pela população local. “As pessoas identificam de longe que somos soldados vindos de fora para ajudar. Aqui, somos tratados como heróis. As pessoas nos cumprimentam nas ruas, vibram com nossa presença. É bem diferente do Brasil, onde muitas vezes o militar é visto como pintor de meio-fio ou faxineiro. Aqui, todos os dias somos soldados.”, disse.

Arcanjo agora faz parte de um Batalhão de Defesa Territorial que está em processo de especialização em engenharia de drones e pilotagem de drones kamikaze de combate, um treinamento específico para operar os drones de ataque e por isso não pode revelar detalhes da operação. “Não podemos dizer onde estamos nem para a família. Existe uma guerra psicológica muito forte. Os russos criam perfis falsos nas redes, mandam mensagens dizendo que nós morremos, tentando desestabilizar emocionalmente os soldados e suas famílias. Por isso, apaguei todas as minhas fotos com familiares e evito ao máximo qualquer exposição.”