NotíciasSaúdeDesvendando o Autismo: Uma Jornada de conscientização e aceitação

Desvendando o Autismo: Uma Jornada de conscientização e aceitação

O número de casos com descoberta tardia vem aumentando entre os adultos

| Autor: Felipe Cerqueira

Foto: Reprodução/Redes Sociais

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma variação do funcionamento normal do cérebro, não uma doença, como afirmam os estigmas. Esta condição, que está incluída na categoria de transtornos do desenvolvimento neurológico, geralmente se manifesta nos primeiros anos de vida e causa muitos problemas para as pessoas que o sofrem.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que aproximadamente 70 milhões de pessoas em todo o mundo têm TEA, com cerca de 2 milhões apenas no Brasil. No entanto, mesmo após mais de oitenta anos desde o primeiro caso identificado, a escassez de informações continua a ser um dos maiores obstáculos para a inclusão desses indivíduos na sociedade.

Em entrevista concedida ao Varelanet, Rodrigo Oliveira, formado em direito e estudante de jornalismo, contou um pouco sobre a sua descoberta do TEA.

"Quando eu fui para casa olhar o que era o CID F84.5, eu fiquei surpreso quando descobri que estava dentro do espectro autista. E com isso, fui pesquisar mais profundamente sobre o TEA Nível 1 de Suporte.", disse Rodrigo.

"Minha primeira reação foi de surpresa, pois eu não tinha conhecimento nenhum sobre o Autismo, pois eu tinha uma visão estereotipada. Meu primeiro pensamento foi buscar conhecer mais sobre o TEA para poder aprender sobre mim mesmo.", complementou.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Padrões de movimento restritos e repetitivos e dificuldades na comunicação e interação social são os principais sinais de TEA. O espectro tem uma maneira única de ver o mundo por causa dessas características.

É considerado um transtorno exclusivo da infância por muito tempo, mas com a divulgação crescente da doença, essa noção está mudando. É mais comum que adultos com TEA sejam diagnosticados, muitas vezes após outros transtornos.

Rodrigo também explicou sobre a sua infância "Devido à falta de conhecimento sobre o autismo, eu sempre dei sinais desde bebê, como, por exemplo, odiar a areia da praia por conta da textura, seletividade alimentar entre outras coisas."

O TEA é classificado em diferentes graus e grupos para facilitar o manejo e as intervenções necessárias. Essa classificação ajuda a determinar o nível de apoio necessário para cada pessoa, que varia desde suporte leve até suporte mais intensivo.

Para tratar o autismo em si, existem medicamentos que tratam comorbidades e sintomas associados. A terapia e o apoio da rede familiar geralmente substituem a medicação. O desenvolvimento e a qualidade de vida das pessoas com espectro autista são significativamente impactados por terapias como psicomotricidade, ABA e fonoaudiologia.

"Eu hoje lido muito bem com o fato de ser autista. No entanto, eu tenho desestabilizações emocionais significativas quando tentam me invisibilizar numa fila preferencial por eu ser jovem. Eu tento gerenciar todas as minhas dificuldades fazendo psicoterapia, fazendo faculdade de jornalismo que tem me ajudado muito na parte de comunicação e interação social.", disse Rodrigo sobre como ele está lidando com as questões da descoberta.

Ele também relata que sofre bastante preconceito "Eu sempre enfrentei, enfrento e enfrentarei preconceito pelo resto da minha vida. Com praticamente 1 ano e meio de descoberta, eu já sofri todo tipo de preconceito. Já me perguntaram se eu me sentia autista, já sofri preconceito de médico psiquiatra, já sofri preconceito em fila preferencial, já sofri preconceito em grupo de trabalho de disciplina da faculdade, nenhuma mulher quer se relacionar comigo afetivamente depois que descobrem que sou autista, etc. E todo esse preconceito destrói a minha autoestima como ser humano. Eu amo ser quem eu sou e ser autista, mas o preconceito por eu ser um jovem adulto que não tem os estereótipos do que acham que o autista 'é', será algo que vou levar pelo resto da vida.", complementou.

Um estudo recente realizado por pesquisadores das Universidades de Bath e do King's College London descobriu que a qualidade de vida de uma pessoa não é afetada pela idade em que ela recebe o diagnóstico de autismo. Os resultados mostraram que, independentemente da idade do diagnóstico, suporte e compreensão são essenciais.

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