Chuvas em Salvador e os riscos de doenças relacionadas a enchentes

As chuvas vêm causando transtornos para a população de Salvador nas últimas semanas, de acordo com informações da Defesa Civil de Salvador (Codesal), o volume das chuvas nos primeiros quinze dias de abril é o maior registrado nos últimos 30 anos, até o dia 16 choveu cerca de 529 mm na capital baiana. Os números superam os anos de 1994, com 276,7 mm e 2010 com 356,3 mm. A destruição de móveis por conta das enchentes, os deslizamentos de terra entre muitos outros danos patrimoniais relacionados com as chuvas. Mas existem muitos outros riscos causados pelas chuvas, principalmente os riscos de doenças

O risco de contaminação nos momentos em que acontecem as enchentes é muito grande, muitas vezes as águas sujas por conta dos esgotos podem transmitir doenças.

Doenças transmitidas

Um exemplo é a leptospirose, que é transmitida por uma bactéria que está presente nas fezes e na urina de ratos, que podem entrar em contato com feridas na pele ou na mucosa e transmitir a doença que causa febre, dor de cabeça, dor muscular, falta de apetite, vômitos e até coisas piores, a pessoa infectada pode ter hemorragias, insuficiência renal, hepática e respiratória, sintomas que podem levar a morte, e, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as mortes causadas pela leptospirose chegam a 10% dos pacientes infectados, e cerca de 70% podem desenvolver formas hemorrágicas.

Outra doença que pode ser causada pelo contato com as águas da chuva e das enchentes é a cólera, que é uma doença infecciosa intestinal aguda que causa uma forte diarreia e vômitos. Essa doença pode causar choque hipovolêmico que é a diminuição de quantidade de sangue circulando no corpo, a queda de potássio no sangue, que causa arritmias cardíacas e até mesmo necrose renal, esta doença normalmente têm um risco baixo de morte, inferior a 5%, porém, se a pessoa infectada não tiver acesso a tratamentos médicos, o risco de morte sobe para 50%.

Também existe o risco de contrair as hepatites “A” e “E”, que são doenças causadas por um vírus gerador de infecção hepática, que pode ser contraído com o contato com a água infectada vinda do esgoto por conta das enchentes. Os principais sintomas das Hepatites são náuseas, fraqueza, febre, falta de apetite, embranquecimento da urina e das fezes, coloração amarelada na pele e nos olhos (icterícia) que é resultado da falha do fígado. A hepatite “A” tem um baixo índice de mortalidade, já a hepatite “E” pode ser perigosa para mulheres grávidas, até 20 a 25% das mulheres grávidas correm o risco de morte.

Precauções necessárias

Evitar contato com a água da chuva é importante, mas, caso não tenha opção sempre prezar pelo uso de equipamentos de proteção como galochas e capas de chuva. Além disso, é muito importante não consumir alimentos que tenham entrado em contato com a água da inundação, inclusive alimentos que estavam embalados, enlatados e principalmente alimentos perecíveis, como legumes, verduras ou frutas. Em relação a casas que foram invadidas pela água, é importante se abrigar em um local alto e esperar a água abaixar, e após isso fazer a limpeza e desinfecção das áreas afetadas, incluindo utensílios, móveis, e ambientes da casa que entraram em contato com as águas.

Em entrevista ao Varela Net, Ana Paula Andrade Matos Moreira, vice-prefeita de Salvador, ao ser perguntada sobre o que a Prefeitura de Salvador está fazendo em relação às enchentes respondeu que, “A nossa equipe faz parte da operação chuva, então nós estamos com uma preocupação muito grande com a leptospirose, já identificando e mapeando essas áreas, para fazer vacinação, para fazer a aplicação de todos os produtos necessários, não só de combate à dengue mas também na prevenção de algumas doenças, então, profilaxia sendo feita, é confiar na equipe técnica de saúde, que é uma equipe muito preparada e muito dedicada a quem eu só agradeço”.

Caso você tenha entrado em contato com a água de enchentes e está apresentando sintomas como diarréia, fadiga, enjoo e problemas respiratórios, procure a unidade de saúde mais próxima.