Wolney Queiroz assume Previdência Social após saída de Lupi em meio a escândalo no INSS
Ex-deputado e atual número 2 da pasta, Queiroz é nomeado por Lula após denúncias de fraudes bilionárias envolvendo benefícios de aposentados

Lula e Wolney Queiroz após assinatura do termo de posse |Foto: Reprodução / Redes Sociais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta sexta-feira (2) o convite ao ex-deputado federal Wolney Queiroz para assumir o Ministério da Previdência Social. Queiroz substitui Carlos Lupi, que pediu demissão após pressões crescentes ligadas a um escândalo envolvendo fraudes em benefícios pagos pelo INSS, que podem ter causado prejuízos de até R$ 6,3 bilhões.
Atual secretário-executivo da pasta, Queiroz já atuava como o segundo nome mais influente do ministério e integrava a equipe de Lupi. Ambos participaram, em 2023, de uma reunião do Conselho Nacional da Previdência Social em que foram alertados sobre irregularidades no sistema. No entanto, medidas concretas para conter os desvios só começaram a ser adotadas quase um ano depois.
Quem é Wolney Queiroz
Natural de Caruaru, Pernambuco, Wolney Queiroz Maciel é filiado ao PDT — o mesmo partido presidido por Lupi, atualmente licenciado do cargo. Ele construiu uma longa trajetória política como deputado federal, tendo exercido seis mandatos consecutivos entre 1995 e 2023.
Durante seu último mandato, em 2022, liderou a oposição ao governo Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, à frente de um bloco com partidos de esquerda. Na tentativa de reeleição naquele ano, Queiroz não conseguiu retornar à Casa.
Escândalo no INSS e operação da PF
A substituição no comando da Previdência ocorre no rastro de uma investigação da Polícia Federal (PF) em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), que revelou um esquema envolvendo associações de aposentados. Segundo a PF, essas entidades registravam beneficiários de forma fraudulenta, usando assinaturas falsificadas para autorizar descontos ilegais nas aposentadorias.
A fraude teria começado ainda em 2019, no governo Bolsonaro, e continuado no atual mandato de Lula. Estima-se que, ao longo de cinco anos, o esquema tenha desviado até R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas.
A operação resultou na apreensão de itens de alto valor, como dinheiro em espécie, uma Ferrari, joias, relógios de grife e obras de arte. O então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado e depois exonerado. Outros cinco servidores também foram removidos de suas funções.
Seis pessoas ligadas a uma associação sediada em Sergipe foram presas. A PF aponta o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, como principal articulador do esquema. Ele seria sócio de 22 empresas registradas em um mesmo endereço em Taguatinga, região próxima a Brasília.