Rui Costa e Ricardo Mandarino silenciam em meio a casos de violência em Salvador

Assaltos a ônibus, roubos nas ruas, trocas de tiros e latrocínios: a população de Salvador tem convivido com a sensação de insegurança, em meio à onda de violência que tem tomado conta da capital baiana nos últimos meses. Mesmo com a repercussão dos recentes crimes na cidade, o governador Rui Costa (PT) e o titular da Secretaria Estadual de Segurança Pública, Ricardo Mandarino, resolveram adotar o silêncio. 

Na última terça-feira (2), a adolescente Cristal Rodrigues Pacheco, de apenas 15 anos, foi morta após uma tentativa de assalto na região do Campo Grande, em Salvador, causando comoção nacional. A jovem estava na companhia da mãe e da irmã, de apenas 12 anos, no momento da ação. Após o episódio, várias personalidades políticas local se manifestaram sobre o assunto. 

O prefeito Bruno Reis (União Brasil) afirmou, ainda na terça-feira (2), que o Governo do Estado perdeu a capacidade de enfrentar o crime, além de pontuar que criminalidade não respeita mais o Poder Público e a polícia. "A gente lamenta, se solidariza com a família. É com indignação que a gente recebe uma notícia como essa. Nossa equipe está dando apoio, tentando pegar as imagens da área para que os responsáveis sejam punidos. Mas efetivamente o governo do Estado perdeu a capacidade de fazer o enfrentamento ao crime e à marginalidade. Essa é uma constatação. Os fatos estão aí", disse o prefeito. 

O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União), e o ex-ministro da Cidadania, João Roma (PL), candidatos ao governo da Bahia, também se manifestaram sobre o caso. De acordo Neto, os presídios baianos se tornaram quartéis aos do crime organizado sob o olhar do governador petista que, segundo ele, nada faz para mudar o quadro. “A verdade é que os presídios hoje na Bahia são os quartéis-generais do crime organizado, e tudo isso acontece sob o olhar complacente do governador do estado e das autoridades de segurança pública, que fingem que o problema não é delas. Mais da metade dos crimes hoje acontecem por ordens de dentro da cadeia. Ora, se as ordens vêm de dentro da cadeia é porque o sistema prisional da Bahia não funciona. É ideia minha, caso seja governador, implantar novos presídios de segurança máxima no estado. Vamos separar as facções criminosas e dar tratamento duríssimo aos chefes do crime organizado”, disse o secretário do União Brasil. 

Já João Roma disse que a crise na segurança pública chegou ao limite. O bolsonarista ainda apontou omissão do Governo do Estado.  "Basta! A violência na Bahia chegou ao limite! Não podemos nos acostumar a ver jovens serem mortos a caminho da escola por causa de um celular. O governo é omisso e negligencia a sua obrigação constitucional de garantir segurança à população", pontuou Roma. 

Aliado de Rui, o ex-secretário estadual de Educação e candidato à sucessão estadual, Jerônimo Rodrigues (PT), também adotou o silêncio e não comentou publicamente sobre o assunto até esta quarta-feira (3).

A mesma postura foi adotada por Rui e Mandarino em situações recentes. No dia 1º de junho, o ciclista Rodrigo Castro, de 24 anos, foi vítima de latrocínio, tendo sua bicicleta levada. O governador e o titular da SSP não se manifestaram publicamente. A mesma posição se repetiu na última semana, quando a nutricionista Esperança Cedraz Brandão, de 37 anos, foi baleada no rosto durante uma tentativa de assalto, dentro do seu carro, no Vale de Nazaré, também em Salvador. Os suspeitos do crime foram presos, e a nutricionista se recupera. Entretanto, o secretário, que assumiu o posto em dezembro de 2020, não se pronunciou. 

Outro caso de grande repercussão aconteceu na última segunda-feira (1º): uma senhora, identificada como Maria de Lourdes, de 65 anos, foi morta após ser vítima de bala perdida, durante uma troca de tiros entre suspeitos de assalto e policiais na Avenida Barros Reis, em Salvador. Ela passou por procedimentos cirúrgicos, mas não resistiu aos ferimentos. Os dois suspeitos também morreram. 

Sobre a morte de Cristal, o Varela Net procurou a assessoria de Jerônimo Rodrigues, na última terça-feira (2), que não se manifestou sobre o tema. A assessoria do governador Rui Costa também foi procurada pela equipe, e não deu previsão de algum pronunciamento. O Varela Net ainda tentou contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), mas não obteve retorno até a publicação da matéria.

*Sob supervisão do editor Rafael Tiago Nunes