Lula evita comentar prisão de Bolsonaro, mas alfineta: “Cidadão que tentou dar um golpe”
Presidente defende soberania nacional e evita polêmica, mas não deixa de provocar ex-mandatário

Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, na manhã desta terça-feira (5), da abertura da 5ª Reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) — o chamado Conselhão —, no Palácio Itamaraty, em Brasília. Composto por ministros, empresários e representantes da sociedade civil, o grupo atua como espaço consultivo na formulação de diretrizes e políticas públicas do governo federal.
Durante seu discurso, Lula optou por não se aprofundar no assunto mais comentado do dia: a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada na segunda-feira (4). Ainda assim, o chefe do Executivo não resistiu a uma provocação velada. “Também não quero falar do que aconteceu hoje com o outro cidadão brasileiro que tentou dar um golpe”, disparou.
O petista afirmou que preferia usar o espaço para compartilhar boas notícias e evitou se estender em temas delicados.
“Eu acho que hoje é um dia de dar boas notícias. Eu vim pra cá comprometido a não perder muito tempo falando da taxação. Falar o mínimo possível, porque senão vocês vão: ‘Por que o Lula não falou? Ele tá com medo do [Donald] Trump’ e eu não quero que vocês saiam com essa imagem", ironizou o presidente.
A reunião também teve tom de crítica às medidas protecionistas dos Estados Unidos. Membros do governo, como os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), reforçaram a importância de preservar a autonomia nacional.
Lula endossou os discursos e alertou para riscos que afetam o respeito entre nações. “Não é possível o mundo estar cego, se a gente perder o mínimo de senso de responsabilidade, respeito à soberania, poder Judiciário, Congresso, se passarmos a dar palpite às coisas que acontecem em outro país”, declarou.
Mesmo sem mencionar diretamente Bolsonaro, as falas do presidente não passaram despercebidas e reforçaram o distanciamento entre os dois líderes que protagonizam um dos embates mais polarizados da política brasileira recente.