Venezuela: Oposição nega derrota dos votos e Amorim se reúne com ambos os lados
Brasil adota postura cautelosa enquanto mediadores buscam entender o impasse

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A disputa eleitoral na Venezuela mergulhou em uma crise política após o pleito realizado no último domingo (28). María Corina Machado, líder da oposição, afirmou que seu grupo possui provas contundentes de que Edmundo González Urrutia venceu as eleições presidenciais com 73% dos votos.
Em uma coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (29), Machado apresentou dados que, segundo ela, demonstram uma vitória avassaladora de González, que teria recebido 6,27 milhões de votos contra 2,75 milhões de Nicolás Maduro. A oposição exige a divulgação das atas oficiais, que segundo eles confirmariam a irregularidade do resultado proclamado pelo governo.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), no entanto, anunciou que Maduro venceu com 51,2% dos votos, de acordo com 80% das urnas apuradas. Essa discrepância nos resultados gerou uma onda de protestos em Caracas, onde milhares de manifestantes foram às ruas exigindo a saída de Maduro. As manifestações se tornaram violentas, levando o governo a usar força policial e militar para controlar a situação, incluindo canhões de água e bloqueios ao redor do palácio presidencial.
No cenário internacional, a situação é igualmente polarizada. Enquanto países como Argentina, Chile e Uruguai expressaram desconfiança em relação ao resultado e pediram mais transparência, nações como Rússia, China e Cuba parabenizaram Maduro por sua reeleição. A Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou uma reunião para discutir a crise, enquanto o governo da Venezuela decidiu retirar diplomatas de países que não reconheceram a vitória de Maduro.
O Brasil, por sua vez, manteve uma postura cautelosa. O assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, Celso Amorim, está em Caracas para se reunir tanto com Nicolás Maduro quanto com Edmundo González. Amorim levou ao presidente venezuelano a demanda brasileira por maior transparência no processo eleitoral. O Itamaraty também vetou a participação da embaixadora brasileira em um evento em que Maduro se declarou vencedor, esperando a divulgação das atas eleitorais para uma avaliação imparcial.
Enquanto isso, o governo brasileiro tem pedido que brasileiros residentes ou com viagens marcadas para a Venezuela evitem aglomerações devido à tensão no país. As autoridades brasileiras ainda não se posicionaram oficialmente sobre o resultado da eleição, aguardando a conclusão das investigações e a apresentação dos dados detalhados.
No contexto interno da Venezuela, a situação continua a se deteriorar, com a oposição reforçando suas alegações de fraude e convocando apoiadores para um encontro de comemoração da suposta vitória de González, previsto para a terça-feira (30). A disputa continua a dividir o país e a comunidade internacional, tornando o futuro político da Venezuela cada vez mais incerto.
A crise política na Venezuela destaca a fragilidade do sistema democrático do país e levanta questões sobre a eficácia das instituições eleitorais em garantir a justiça e a transparência no processo eleitoral. A comunidade internacional observa de perto, enquanto a Venezuela enfrenta um momento crítico que pode definir seu futuro político e social.