NotíciasMundoChanceler iraniano diz que EUA ‘ultrapassaram linha vermelha’ com bombardeios nucleares

Chanceler iraniano diz que EUA ‘ultrapassaram linha vermelha’ com bombardeios nucleares

Abbas Araqchi condena ataques, aciona ONU e anuncia reunião urgente com Vladimir Putin em Moscou

| Autor: Redação Varela Net
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, fala durante coletiva de imprensa

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, fala durante coletiva de imprensa |Foto: Ozan Kose/AFP

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, declarou neste domingo (22) que os Estados Unidos “ultrapassaram uma linha vermelha muito grande” ao atacar as instalações nucleares iranianas. A declaração foi feita durante uma coletiva de imprensa em Istambul, na qual o chanceler classificou os bombardeios como uma “grave violação da Carta da ONU e do direito internacional”.

Araqchi informou que o governo iraniano já solicitou uma reunião de emergência no Conselho de Segurança da ONU e acionou formalmente o Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para exigir uma condenação à ofensiva.

A ação militar norte-americana ocorreu no sábado (21), quando o presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou que bombardeou, em uma operação conjunta com Israel, três centros nucleares estratégicos do Irã: Fordow, Natanz e Isfahan. Segundo Trump, os locais foram “completamente destruídos” em uma operação de alta precisão.

O chanceler iraniano foi enfático ao afirmar que Teerã não ficará sem resposta. “Eles traíram a diplomacia, traíram as negociações. É irrelevante pedir ao Irã que retorne à diplomacia”, disse Araqchi, ressaltando que o país “reserva todas as opções” para garantir sua segurança e soberania.

Em tom ainda mais duro, ele acusou diretamente o presidente americano:

“O presidente dos Estados Unidos, Trump, traiu não apenas o Irã, mas enganaram sua própria nação”, disparou.

Araqchi também confirmou que viajará a Moscou nas próximas horas para um encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, em busca de apoio diplomático e estratégico. Questionado sobre uma possível retomada do diálogo com potências ocidentais, o chanceler desconversou: “Aguardem nossa resposta primeiro. Quando a agressão terminar, depois poderemos decidir sobre a diplomacia”, afirmou.

O ministro evitou detalhar eventuais medidas militares, mas, quando questionado sobre a possibilidade de fechamento do estratégico Estreito de Ormuz — por onde transita cerca de 20% do petróleo mundial —, respondeu que “uma variedade de opções está disponível para o Irã”. Ele acrescentou que as Forças Armadas do país estão em “alerta máximo”.

Conflito em Escalada

A entrada oficial dos Estados Unidos na guerra amplia drasticamente a crise no Oriente Médio. O conflito, iniciado em 13 de junho, ganhou força após ataques de Israel contra instalações nucleares iranianas. Como resposta, Teerã lançou mísseis contra várias cidades israelenses, incluindo Tel Aviv, Haifa e Jerusalém. Até o momento, os confrontos já deixaram mais de 240 mortos e milhares de feridos entre iranianos e israelenses.

Especialistas consideram que o ataque americano representa um golpe severo contra o programa nuclear do Irã. As instalações atingidas estavam fortemente protegidas, como no caso de Fordow, construída no subsolo, e exigiram o uso de bombas de penetração profunda lançadas por aviões B-2 Spirit e mísseis Tomahawk.

A emissora pública israelense Kan confirmou que a ofensiva foi realizada em “total coordenação” entre Washington e Tel Aviv. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comemorou a ação e declarou que ela “vai mudar a história”.

Impacto Global

Para analistas internacionais, a escalada aumenta significativamente os riscos de desestabilização regional e pode gerar consequências econômicas globais. A ameaça iraniana de fechar o Estreito de Ormuz acende um alerta sobre uma possível disparada no preço do petróleo no mercado internacional.

Enquanto a tensão cresce, a comunidade internacional acompanha com apreensão os desdobramentos, temendo uma guerra de grandes proporções no Oriente Médio. Mesmo defendendo que a diplomacia deve ser sempre um caminho, Araqchi foi categórico: “Este não é o momento para diálogo”, afirmou.

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