Alpinista que resgatou corpo de brasileira comenta sobre dias no vulcão: 'só por Deus não morremos'
Alpinista descreve noites penduradas em cordas, com pedras caindo e equipamentos falhando

Agam Rinjani |Foto: Reprodução / Redes Sociais
A missão de resgate da brasileira Juliana Marins, que caiu em um penhasco do Monte Rinjani, foi difícil, por conta do clima e do solo. O alpinista que recuperou o corpo da jovem e o líder da expedição de resgate, Gunung Rinjani, mais conhecido como Agam Rinjani, revelou os dramáticos detalhes da missão que quase custou a sua vida e a da equipe. Em live traduzida pela influencer Sinta Stepani, o experiente montanhista descreveu fortes cenas de tensão constante.
Agam contou sobre as noites dormidas por ele e sua equipe, onde tiveram que pernoitar pendurados nas cordas de segurança enquanto enfrentavam deslizamentos constantes de pedras. O suporte de ferro que sustentava as cordas chegou a tombar diversas vezes, provocando avalanches de areia e pedras. "Várias vezes ele falou que o suporte que estava lá no topo desabou. Isso provocou a queda de pedras, caída de areia, desceram várias vezes", relatou Sinta.
Por conta das condições extremas e com o corpo da brasileira para subir, a equipe precisou passar a noite inteira suspensa em uma encosta íngreme de 60 graus. Os socorristas voluntários precisaram enfrentar chuva, frio intenso e neblina densa - sem mantimentos básicos. A escolha de passar a noite na ingrime descida foi porque sabiam que, no dia seguinte, o corpo da jovem poderia estar mais abaixo. "Praticamente estavam pendurados mesmo, com cordas assim, junto com a Juliana, para assegurar que ela não desce e ninguém desce, porque todo momento tem pedra caindo", descreveu a tradutora.
Helicóptero tentaram chegar ao local para auxiliar o resgate, mas foram bloqueados pelas condições climáticas. O processo de resgate começou às 6h e só foi concluído às 15h.
"Fizemos o melhor que pudemos", disse Agam
Com a perna machucada pelo impacto das rochas, Agam classificou esta como a operação mais difícil de sua carreira. Visivelmente emocionado, ele pediu desculpas por não conseguir trazer Juliana com vida, mas garantiu que fez tudo ao seu alcance.
A família da brasileira manifestou publicamente seu agradecimento aos socorristas. "Foi graças à dedicação e à experiência de vocês que a equipe pôde finalmente chegar à Juliana e nos permitir, ao menos, esse momento de despedida", escreveram em publicação nas redes sociais, estendendo os agradecimentos a todos os voluntários envolvidos na dolorosa missão.