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Risco concreto: acidentes em obras de construção ainda são rotineiros no Brasil

Setor da construção civil continua entre os que mais registram acidentes de trabalho no Brasil

| Autor: João Victor Viana
Imagem ilustrativa de operários em obra

Imagem ilustrativa de operários em obra |Foto: Reprodução / Freepik

Entre o som de martelos, britadeiras e o sobe e desce de operários, costuma marcar o ritmo de quem trabalha sob o sol e a poeira de grandes obras. Mas, por trás desse cenário de produtividade, há uma realidade preocupante: a construção civil continua sendo um dos setores que mais acumulam acidentes de trabalho no país. Queda de altura, choques elétricos e soterramentos seguem entre as principais causas de acidente e mortes nas obras.

Segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, o Brasil registrou 724 mil acidentes de trabalho em 2024, sendo mais de 20 mil afastamentos previdenciários apenas na construção civil. As quedas de altura correspondem a cerca de 40% dos acidentes registrados no setor, e 39% das mortes estão ligadas a esse tipo de situação. Apesar de uma redução de 25% nos acidentes de trabalho em geral na última década, a construção civil continua entre os sete trabalhos mais perigosos do país.

Por trás dos dados, estão fatores comuns: falta de treinamento adequado, informalidade e descumprimento das normas de segurança. Muitos operários trabalham sem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e sem uma supervisão técnica constante. A pressa para cumprir prazos e a cultura da 'improvisação' parecem ainda ser mais importantes que a vida.

Nos canteiros de obras, qualquer desatenção pode custar caro. Um piso escorregadio, um ferro mal fixado, uma ligação elétrica improvisada e um andaime mal colocado podem transformar um dia de trabalho em um dia de tragédia. Em Salvador, em um bairro nobre da cidade, um trabalhador morreu após cair de uma altura de aproximadamente 30 metros em um prédio e outro se feriu enquanto realizava manutenção de uma fachada.

Enquanto a segurança não for vista como prioridade e não apenas como exigência burocrática, o setor continuará repetindo números que poderiam e deveriam ser evitados.

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