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Reconhecimento Facial é promessa de agilidade e segurança nos estádios

O uso da tecnologia agora é obrigado em estádios com mais de 20.000 lugares

| Autor: Sandro Alex
Reconhecimento Facial é promessa de agilidade e segurança nos estádios

Foto: Divulgação

Para a grande maioria dos estádios da Série A do Campeonato Brasileiro, o ingresso físico ou as carteirinhas de sócio viraram coisa do passado. Agora, seu rosto (bonito ou feio) é suficiente para ingressar nos estádios de maior capacidade. A Lei Geral do Esporte estabeleceu que estádios com capacidade maior do que 20 mil pessoas precisam, obrigatoriamente, aderir ao sistema de reconhecimento facial, com o objetivo de trazer mais segurança e agilidade ao torcedor brasileiro. Na teoria, é tudo muito bonito, mas vamos entender, na prática, os benefícios e malefícios dessas modificações.

O dia 14 de junho deste ano marcou o fim do prazo que os clubes, em conjunto com as administrações dos estádios, tinham para aderir ao sistema de reconhecimento facial. O sistema vinha sendo adotado gradualmente nos estádios de médio e grande porte e já tinha protagonizado algumas notícias de grande repercussão. No dia 7 de julho de 2024, um homem foi preso após ser identificado pelo reconhecimento facial no estádio Allianz Parque, no jogo entre Palmeiras e Bahia. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o homem é acusado de fazer parte de uma facção criminosa da Bahia. Presente nas câmeras de monitoramento e no acesso ao estádio, o sistema de reconhecimento vai permitir uma melhor ação e identificação por meio das forças policiais.

Em abril de 2024, policiais militares retiraram João Antônio Trindade Bastos, de 23 anos, da arquibancada do Estádio Lourival Batista, em Aracaju (SE), durante a partida final do Campeonato Sergipano. Eles conduziram o rapaz até uma sala, onde o revistaram de forma ríspida. Só após checarem toda a documentação de Bastos — que teve que responder a várias perguntas para comprovar que era quem ele dizia ser — os PMs revelaram que o sistema de reconhecimento facial implantado no estádio o tinha confundido com um foragido. Indignado, Bastos usou as redes sociais para fazer um desabafo contra a injustiça sofrida. A repercussão do caso levou o governo de Sergipe a suspender o uso da tecnologia pela PM — que, segundo notícias da época, já a tinha usado para deter mais de dez pessoas.

O sistema promete também agilidade: a entrada com o novo sistema permite menos filas e mais velocidade. Segundo Ricardo Cadar, CEO da empresa Bepass, responsável pelo sistema em algumas das principais arenas do país, o tempo médio de acesso pode ser reduzido para até dois segundos por torcedor. “Nosso sistema gera 25 acessos por minuto, três vezes mais que os métodos tradicionais”, afirmou.

Uma prática fortemente abalada a partir da adoção do reconhecimento facial é o cambismo. A prática consiste na revenda de ingressos por preços abusivos, aproveitando-se principalmente dos jogos com alta demanda. Na Fonte Nova, estádio onde o Bahia manda seus jogos, era comum o empréstimo das carteirinhas de sócio. A prática era combatida, já que gerava prejuízo ao clube.

A página ECBahia Números, perfil dedicado a estatísticas, trouxe um dado interessante após o confronto contra o América de Cali, na Fonte Nova. O dado pode indicar resistência do público com a nova dinâmica:


"Pela primeira vez no ano, o Bahia completa 4 jogos consecutivos sem alcançar 40 mil pagantes. Aliás, os públicos dos três jogos pós-parada foram bem próximos: diferença de apenas 1.302 pessoas entre o maior e o menor. A última vez sem nenhum jogo acima de 40k num recorte de 4 ou mais partidas havia sido em abr/mai do ano passado."

Entre os torcedores, a avaliação tem sido positiva. Vinicius Bispo (26), sócio do Bahia há mais de 3 anos, diz que aprova o novo sistema: “Fácil, rápido e seguro.” Outro sócio do Bahia, Alexandro Oliveira, diz ter tido dificuldade no cadastro: “Demorou um pouquinho até entender como fazer o processo, mas agora eu tô curtindo a praticidade.”

Para a Série A de 2025, até o final do ano, a previsão é que todos os times adotem o reconhecimento facial até dezembro; será rotina nos estádios, tanto quanto reclamações com o juiz e o grito de gol. Peça titular no esquema que garante paz e velocidade para o torcedor.

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