NotíciasEsportesManipulações de jogos: Por que há envolvimento dos atletas e como ocorrem?

Manipulações de jogos: Por que há envolvimento dos atletas e como ocorrem?

Bruno Henrique e Lucas Paquetá estão sendo atualmente investigados

| Autor: Lucca Anthony
Imagem ilustrativa de cartão amarelo

Imagem ilustrativa de cartão amarelo |Foto: iStock

Em um esporte amado por todo o mundo, sua visibilidade é algo inexplicável e quem consegue se inserir nesse mundo irá ganhar bastante reconhecimento. As casas de apostas, ao saberem disso, se envolveram de cabeça na questão de patrocínio e hoje, se reparar, entre os 15 patrocinadores dentro de campo, pelo menos 13 são das casas de apostas. Logo, com a notoriedade aumentada, há um aumento de poder e, por conseguinte, apostar de forma “profissional” se torna um estilo de viver. Em busca de se manter ganhando, os apostadores vão atrás de quem pode garantir seus acertos, os jogadores. Mas por que eles aceitam isso?

REALIDADE SOCIOECONÔMICA

 A maioria dos jogadores vem de uma realidade difícil na infância e vê o futebol como uma forma de mudar sua realidade e da sua família. Por conta disso, muitos, quando se conquista financeiramente, por conta de sua antiga realidade, não se tem um exemplo de estabilidade econômica ou uma orientação financeira. 

Por tanto, a falta de preparo para lidar com suas novas conquistas pode levar os atletas a decisões erradas e associação a pessoas mal-intencionadas. Nesse caso, também, muitos jogadores, por terem familiares que querem se aproveitar da fama e poder do atleta, os pressionam para dar um suporte financeiro, que talvez não estava no planejamento do atleta, buscando assim outros meios de lucrar.

Outro parâmetro a ser analisado é a não mudança de realidade. Segundo a base de 2020, cerca de 28.203 mil jogadores profissionais cadastrados na CBF, 96,08% dos jogadores recebem menos de R$ 5.000, sendo um valor bastante abaixo comparado ao entendimento comum sob a área. Portanto, muito desses atletas, em busca de dinheiro rápido, fecham acordos com aliciadores e recebem pelo menos 10x mais que seu salário só por tomar um cartão amarelo, por exemplo. Segundo informações, a operação “Penalidade Máxima” revelou que, nas situações de cartões amarelos, um jogador podia receber entre R$ 80 a R$ 100 mil reais, só em um lance.

Por fim, pode ser somente ganancia mesmo. Um atleta já firmado, conhecido e rico, se envolve somente por querer mais e mais daquilo que já conquistou. As vezes até nos casos de familiares que pedem uma quantia, ao invés de dar dinheiro do seu bolso, prefere buscar a sorte em relação as apostas.

FUTEBOL E SUA “SUJEIRA”

Como um evento que movimenta bilhões, o futebol tem diversos problemas, entre eles manipulação, máfia, corrupção, desde a base ao manter um jogador fraco por conta de empresário ou dinheiro, desde quem comanda as entidades do esporte.

Tudo isso produz “oportunidades”, mesmo que seja pelo meio ilegal, e em um local que movimenta muitas conquistas, tirar quantias que são “insignificantes” nem sempre são percebidas pelas autoridades. Bruno Lopez, considerado o “chefe” do esquema de manipulação onde uma operação chamada “Penalidade Máxima” foi deflagrada, deu uma entrevista para o canal Cartoloucos falando sobre como enxerga o futebol hoje. “O futebol é infelizmente sujo e as pessoas, quando estão lá, acabam se sujando também. Pagando uma quantia, você consegue colocar um atleta em uma base aqui em São Paulo. Já sabemos que estava sujo há muito tempo, e hoje não consigo mais ver ele com seriedade”.

COMO FUNCIONAM AS APOSTAS?

Em 2023, o Brasil viveu com muita surpresa a operação “Penalidade máxima”. Investigação essa protocolada pelo Ministério Público que indicou mais de 25 atletas. Usando como exemplo, as apostas aconteciam da seguinte forma:

O contato inicial era feito através das redes sociais, seja por telefone compartilhado ou por uma mensagem direta via Instagram, sendo assim feita a oferta para algum evento na partida, um cartão amarelo ou gol contra. Ao combinar com os jogadores, os apostadores fazem uma aposta múltipla, quando vários eventos precisam acontecer na partida para a aposta ser certa, lucrando mais ainda.

Por exemplo, segundo a investigação, houve uma aposta onde cinco jogadores tomariam cartão, além da vitória do Internacional em cima do Atlético-GO. O apostador colocou R$ 300 e, caso desse certo, teve o retorno de mais de R$ 110.00, ou seja, retorno de 36.667%..

CASOS FAMOSOS

Um dos casos mais famosos atualmente é do meio campista brasileiro Lucas Paquetá, que está sendo investigado pela Federação Inglesa de Futebol (FA), apontando o brasileiro como suspeito por tomar cartão amarelo propositalmente em 6 partidas da liga inglesa, para beneficiar quem apostou na possibilidade dessa punição. Acontece que as pessoas beneficiadas são naturais da mesma região onde Lucas nasceu, levantando assim ainda mais suspeita de manipulação.

Além de Lucas, Bruno Henrique, atual jogador do Flamengo e ídolo, também está envolvido em uma suspeita e investigação. Mais uma vez tem a relação com sua família e com receber cartão amarelo, propositalmente em um jogo do Santos. Segundo a PF, os apostadores lucram entre R$ 700 e R$ 2,5 mil.

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