NotíciasEsporte"Futebol é muito hostil para um gay", diz Emerson Ferretti, ídolo da dupla Ba-Vi

"Futebol é muito hostil para um gay", diz Emerson Ferretti, ídolo da dupla Ba-Vi

Ex-goleiro falou abertamente sobre sua homossexualidade pela primeira vez

| Autor: Redação

Foto: EC Bahia/Divulgação/ Arquivo pessoal/Reprodução/Instagram

Ídolo e com passagem vitoriosa pelo Bahia e Vitória, o ex-goleiro Emerson Ferretti concedeu uma entrevista para o podcast "Nos Armários dos Vestiários" e falou abertamente sobre sua orientação sexual pela primeira vez. Emerson comentou sobre a hostilidade no ambiente do futebol para homossexuais e falou sobre a dificuldade em lidar com isso.

"O ambiente do futebol é muito hostil para um gay, muito mesmo. Eu fico imaginando quantos garotos desistiram de se tornar jogador de futebol por conta disso, por perceberem essa situação. Quantos talentos foram perdidos? O futebol perdeu, os clubes perderam, porque o ambiente realmente não ajuda. Eu segui com tudo isso, mas sofri com as consequências de seguir, era o meu sonho. Eu queria ser goleiro do Grêmio. Eu queria ser um jogador de futebol. Eu eu conquistei isso, só tive que que enfrentar um outro lado que é muito difícil", desabafou.

O ex-arqueiro revelou que atletas gays às vezes optam por casar com mulheres, apenas para proteger a real sexualidade deles e não terem problemas com o preconceito. Contudo, ele diz que preferiu enfrentar isso e nunca teve relações com mulheres durante sua carreira.

"Lógico que existem gays no futebol, e muitos optam por casar. Dessa forma, eles se protegem, se enquadram num padrão que é aceito. Eles se protegem da suspeita de serem homossexuais e aí conseguem sobreviver. Só que normalmente, quando você faz isso, acaba levando uma vida infeliz, fazendo a outra pessoa infeliz. Eu optei por não casar. Optei por não enganar ninguém, por enfrentar tudo sozinho. Talvez aí também veio a fama, os comentários, porque eu nunca casei. Eu nunca aparecia com uma namorada, então esses comentários sempre surgiam. Quando tinha alguma reunião, algum churrasco de atletas que todo mundo levava a esposa, eu estava sempre sozinho. E, logicamente, os outros jogadores falavam muito, mas eu optei por enfrentar", disse.

Para ele, a imagem do homossexual como pessoa não viril precisa ser descontruída. Eles diz que os gays sempre foram discriminados por supostamente criarem problemas dentro do vestiário, algo que ele descarta e se utiliza como exemplo para isso.

"Tem duas coisas que precisam ser desconstruídas. Primeiro que gay não tem virilidade. É uma mentira isso. Gays sempre existiram dentro do futebol e todos que tiveram sucesso, toda vez que precisaram ser viris, eles foram. Toda vez que eu precisei ser viril, ser competitivo, eu fui. E, segundo, que um gay vai criar problemas dentro do vestiário, situações constrangedoras. E eu volto a falar sobre um exemplo de alguém que jogou dos oito aos 35, portanto, quase trinta anos. Nunca criei problema nenhum dentro de vestiário, pelo contrário, sempre foi tido como um comportamento exemplar, um profissional. Os dirigentes acabam evitando, e perdem talentos, não é? Muitas vezes são jogadores talentosos que podem entregar desempenho esportivo e gerar receita para o clube", indicou.

Emerson Ferretti disputou 266 partidas pelo Bahia e conquistou três títulos: o Campeonato Baiano de 2001 e o Bicampeonato do Nordeste em 2001 e 2002. No Campeonato Brasileiro de 2001, conquistou a Bola de Prata, prêmio individual concedido para os melhores jogadores da competição.

O ex-goleiro é muito querido pela torcida do Esquadrão de Aço e lembrado até hoje como um dos grandes nomes que defenderam a meta tricolor na história.

Pelo Vitória, ele teve uma passagem entre 2006 e 2007 e esteve no elenco que garantiu o acesso à Série B em 2006. No ano seguinte, foi campeão baiano e anunciou sua aposentadoria.

Tags

Notícias Relacionadas