Bahia brilha no Carnaval 2025: cultura e personagens baianos inspiram escolas de samba do Rio
A Em Cima da Hora, a Unidos de Padre Miguel e a Paraíso do Tuiuti prometem emocionar o público

Foto: MARCO TERRANOVA/RIOTUR
A riqueza cultural da Bahia volta a ser destaque na Marquês de Sapucaí em 2025. Três escolas de samba levarão enredos inspirados em personagens, tradições e manifestações baianas para os desfiles do Rio de Janeiro. A Em Cima da Hora, a Unidos de Padre Miguel e a Paraíso do Tuiuti prometem emocionar o público com homenagens que ressaltam a força e a ancestralidade do estado.
Em Cima da Hora – "Ópera dos Terreiros - O Canto do Encanto da Alma Brasileira"
A escola da Série Ouro apresenta um enredo inspirado na obra do maestro italiano Aldo Brizzi e do professor e compositor baiano Jorge Portugal (1956-2020). A "Ópera dos Terreiros" reinterpreta Romeu e Julieta em um contexto afro-brasileiro, narrando o amor proibido entre um jovem de etnia banto e uma jovem nagô, com a orientação espiritual de Exu, Oxum, Iansã e Dona do Tempo.
Destaque para uma alegoria representando o Pelourinho em uma estética afrofuturista, adornada com 70 mil fitinhas do Senhor do Bonfim benzidas na Bahia.
Desfile: Sexta-feira (28), penúltima escola da noite.
Unidos de Padre Miguel – "Egbé Iyá Nassô"
A escola da Série Especial homenageia os 200 anos da Casa Branca do Engenho Velho, o primeiro terreiro de candomblé do Brasil, localizado em Salvador. O enredo conta a história de Iyá Nassô, uma princesa negra que enfrentou a guarda imperial para libertar seus filhos após ser escravizada.
O desfile destaca a resistência do povo negro, com ênfase no papel das mulheres africanas na preservação da identidade cultural. Além disso, conecta a luta do terreiro baiano com a realidade da comunidade da Vila Vintém, no Rio de Janeiro, vista como uma "pequena África".
Desfile: Domingo (2), abrindo a noite na Sapucaí.
Paraíso do Tuiuti – "Quem tem medo de Xica Manicongo?"
A escola trará a história de Xica Manicongo, reconhecida como a primeira mulher trans documentada no Brasil. Escravizada e processada pelo Santo Ofício na Bahia em 1591, Xica lutou para manter suas práticas religiosas e encontrou refúgio com o povo indígena Tupinambá.
Por muito tempo, sua história foi interpretada como a de um homem homossexual, mas hoje Xica é vista como um ícone da resistência travesti e transexual. O enredo reforça a importância da inclusão e da luta contra a intolerância.
Desfile: Terça-feira (4), segunda escola da noite.
A Bahia e o Carnaval carioca
A influência da cultura baiana nos desfiles do Rio não é novidade. Em 2016, a Mangueira foi campeã com uma homenagem a Maria Bethânia. No ano seguinte, Ivete Sangalo foi celebrada pela Grande Rio. Mais recentemente, em 2023, a Beija-Flor destacou a Independência do Brasil na Bahia.
Agora, em 2025, o estado volta a brilhar na Sapucaí, reforçando sua importância histórica, cultural e espiritual para o país.