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Mães enxergam no empreendedorismo uma nova chance no mercado

Mulheres adaptaram suas vidas profissionais com a chegada dos filhos e relatam altos e baixos das escolhas

| Autor: Cássio Moreira*

Foto: Reprodução / Redes Sociais

Ser dono seu próprio negócio é o sonho de muitos brasileiros. Para alguns, é a chance de dar uma guinada na vida financeiramente. Para outros, é o caminho para reorganizar a vida, principalmente após a chegada dos filhos. 

É o caso de Evelyn Santos, de 26 anos. A designer de sobrancelhas começou no ramo há quatro anos, logo após ter o seu primeiro filho, Lucca. Ela chegou a trabalhar para outras pessoas, mas percebeu a oportunidade de ter o seu negócio durante a pandemia e abriu o seu estúdio de designer, o Evelyn Santos Designer, no bairro da Boca do Rio. Onde funciona? Em um cômodo da sua própria casa, adaptado para a realização dos procedimentos e para cursos na área promovidos por ela. Ao Varela Net, Evelyn conta um pouco da sua trajetória como mãe e empreendedora. 

“O meu encontro com minha profissão foi por conta da gestação. Eu nunca me imaginei empreendendo, foi algo que fui forçada a pensar. Quando tive meu filho, descobri que ele tinha uma alergia à proteína do leite, então trabalhar fora me impossibilitou de cuidar dele, eu faltava muito ao trabalho, e era algo que não me favorecia, apesar de ter o apoio da minha família [...] Eu sou mãe solo, não tinha a parceria do pai, então eu me via com a corda no pescoço. Coincidiu que eu fui demitida da empresa que eu trabalhava e precise me reinventar. Uma grande amiga me deu uma luz, já que eu sempre arrumei minha sobrancelha, porque eu sou designer há quatro anos, que é a idade do meu filho e ela me falou “Por que você não faz o curso?” Tinha muito medo, só que eu precisava ganhar dinheiro porque eu estava desempregada, e não queria voltar a depender do dinheiro que recebia por pensão dele, porque eu dedicava e dedico o dinheiro da pensão para ele. A partir daí, amadureci a ideia, comecei a assistir vídeos, treinar, aprendi de uma forma bem grosseira e comecei a atuar. Cobrava pouco, e aí as pessoas começaram a gostar do serviço, e eu a ter uma renda ali, que já me ajudava, e comecei a ser questionada se tinha curso ou não. Investi no curso com o dinheiro que recebia dos clientes, que fiz em Camaçari”, conta Evelyn, que ainda relata como aproveitou para aprender a gerir um negócio dentro do seu antigo emprego. 

“Procurei emprego de novo, consegui um emprego na área, com CLT. Mas, meu intuito era saber como funcionava uma empresa desse ramo. Aprendi o que eu precisei e, no momento certo, que eu sentir que precisava sair, e decidi por minha demissão e decidi que não ia trabalhar mais por CLT. Quando eu saí da empresa, começou a pandemia, e foi aí que eu me vi desesperada, porque fiquei morrendo de medo dessa turbulência, e eu com meu filho pequeno e meu avô acamado, sem saber o que ia ser do futuro, tinha acabado de sair da empresa, então fiquei desesperada, três meses sem trabalhar”, continua, que descobriu estar grávida do seu segundo filho. 

“Um dia eu estava passando pela rua e vi um ponto comercial, fui saber quanto era, fui saber quanto era o orçamento. Eu não tinha nada, só tinha a máquina que tinha comprado e o aluguel que eu paguei. Pintei o estúdio, com um mês eu já tinha minhas alunas de curso. Consegui na pandemia criar meu próprio negócio, me tornar independente, foi a melhor experiência da minha vida. Eu nunca me imaginei com 26 anos ser independente; não é fácil, passo pelas dificuldades que todos passam, mas tenho liberdade de fazer o que quero. Ser mãe me tornou empreendedora, me abriu a mente. Hoje eu tenho um outro negócio, uma loja de bijuterias online. Eu quero fazer tudo que eu puder, consigo criar ele praticamente só. Há pouco tempo descobri outra gestação, preferi levar solo, é mais uma batalha. Agora eu sou mãe de dois, mulher preta e empreendedora”, explica a designer.

 Diferente de Evelyn, Bruna Costa começou sua trajetória como dona do próprio negócio antes de ter sua primeira filha, a pequena Júlia, de 4 anos. Ela teve uma confeitaria, mas não seguiu com a ideia por falta de tempo. Com a chegada da filha, Bruna teve que se readaptar para conciliar maternidade e vida profissional. Foi quando surgiu a ideia de abrir uma loja virtual especializada na venda de lingeries. 

“Comecei com a confeitaria, mas por ter uma vida agitada, entre escola e curso, não consegui conciliar o tempo para produção e acabei deixando de lado, focando apenas nos estudos. Após o nascimento da primeira filha, fiquei sem ter como trabalhar, fora que não tinha dinheiro para colocá-la em uma creche e sair à procura de emprego. Foi quando ressurgiu o interesse em ser empreendedora, ter uma renda extra. Descobri o mundo feminino em lingeries, roupas de dormir e fitness. Vi que tinha gosto e levava jeito com a coisa, me joguei de cabeça, fui me aperfeiçoando, produzindo cenário para fotos, investindo na mídia digital”, disse a empreendedora, dona da Diju Moda Íntima, que ainda relata as dificuldades de conciliar a maternidade com os negócios; Bruna teve recentemente um outro filho, Aquiles, de dois meses. 

“Não é fácil conciliar as duas coisas, mas é um desafio gostoso demais, cada dia uma experiência nova e uma conquista”, continua Bruna, que ainda deixa um recado para as mães que desejam empreender. “Estudem a área que vocês desejam seguir, anotem dicas, pesquisem excursões, fornecedores, anotem os gastos fixos e variantes, invistam na imagem da loja, crie uma marca e vá na força, coragem e fé”, aconselha Bruna. 

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