NotíciasCidadeJuíza impede criança de 11 anos que foi estuprada de realizar aborto legal em SC

Juíza impede criança de 11 anos que foi estuprada de realizar aborto legal em SC

"Você suportaria ficar mais um pouquinho?", questiona a juíza para a criança propondo que a mesma mantenha a gravidez

| Autor: Redação

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Em uma reportagem do The Intercept Brasil divulgada nesta segunda-feira (20), expôs um caso no qual uma juíza de Santa Catarina tentou induzir uma criança de 11 anos a desistir do aborto legal, após ser vítima de um estupro. Atualmente, a menina está sendo mantida em um abrigo para evitar a retirada do feto.

O caso iniciou pouco antes do aniversário de 11 anos da menina, sua mãe estranhou os enjoos dela e o crescimento da sua barriga. Após um teste rápido de farmácia, a gravidez foi confirmada.

Dois dias depois, em 4 de maio,a criança foi levada ao Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, ligado a UFSC, para o procedimento de aborto, que é permitido pelo Código Penal em casos de violência sexual, sem necessidade de autorização judicial. Porém, a equipe médica local se recusou a fazer o procedimento do aborto, na época a menina estava com 22 semanas e dois dias de gestação. 

Após a promotora Mirela Dutra, do Ministério Público catarinense ajuizar uma ação, foi feito o acolhimento institucional da menina, afirmando que a mesma não tinha condições de continuar com a gravidez.

"Por óbvio, uma criança não possui estrutura biológica em estágio de formação apto para uma gestação"

O caso então chegou até a juíza Joana Zimmer, que autorizou a medida, mas comparou a proteção da saúde da menina à proteção do feto. "Situação que deve ser avaliada como forma de não só protegê-la, mas de proteger o bebê em gestação, se houver viabilidade de vida extrauterina", escreveu ela. 

Em uma audiência realizada no dia 9 de maio, quando a criança e sua família juntamente a sua advogada foram ouvidas pela juíza, todos os familiares se comprometeram em tomar medidas para evitar novos abusos.

No momento da audiência, a juíza e a promotora propuseram que a criança mantivesse a gravidez por mais uma ou duas semanas: "Você suportaria ficar mais um pouquinho?", questiona  Zimmer.

Ela e a promotora ainda falam sobre aumentar as chances de sobrevida do feto, e em determinado momento a juíza sugere não interromper a gravidez. 

O caso revoltou a todos na internet, e em nota, a juíza disse que "não se manifestará sobre trechos da referida audiência, que foram vazadas de forma criminosa". 

Reforçando que o caso deve continuar a ser tratado de forma adequada pela Justiça.

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