NotíciasCidadeIdoso recebe empréstimos não solicitados e família luta pra provar erro bancário

Idoso recebe empréstimos não solicitados e família luta pra provar erro bancário

José Ribeiro, de 75 anos, é cego, tem quadro de demência e não sai da cama, mesmo assim, valores foram depositados e dívida vem tirando o sono da família

| Autor: Everton Santos

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Uma grana a mais na conta no final do ano sempre vai bem, não é mesmo? Entretanto, como sabemos, dinheiro não dá em árvore, e em momento de pandemia, cada centavo é importante. E para a família de José Ribeiro Filho, de 75 anos, a verba a mais na conta do idoso acabou virando problema, já que os valores depositados em sua conta não foram solicitados, e os bancos passaram a cobrar juros por isso, de acordo com os familiares, já que ele não teria condições de pedir os empréstimos.

José Ribeiro, morador do bairro da Caixa D’Água, em Salvador, é aposentado e portador de diabetes mellitus, doença que acabou por trazer complicações para a sua vida nos últimos anos. Em 2016, ele foi internado no hospital Santa Luzia, onde foi diagnosticado com catarata, retinopatia e glaucoma.

As situações se complicaram em 2017, quando ele teve um acidente vascular cerebral (AVC) que o deixou com demência, no mês de março. Desde então, ele perdeu a capacidade de fazer as coisas. Em julho do mesmo ano, um laudo médico o diagnosticou com déficit cognitivo e afirmando que ele está inapto para atos da vida civil.

Em 2018, o idoso perdeu 100% da capacidade de enxergar, e mais um laudo médico foi emitido para reforçar a que seu José não enxergava.

Os empréstimos

De acordo com a família do idoso, os problemas com empréstimo ocorrem com três bancos. Vale ressaltar que todas as situações já estão na justiça.

Em abril de 2019, o Banco Itaú depositou R$ 1.083,00 na conta de seu José e passou a cobrar um valor de RS 30,79 por mês. Desse montante que entrou na conta, R$ 862,00 já tiveram que ser pagos. A família informou que antes de entrar com uma ação, solicitou ao banco os documentos que comprovassem que o empréstimo foi solicitado, mas não receberam resposta.

Em outubro do mesmo ano foi a vez do Santander depositar o valor de R$ 3.200,00 na conta do idoso. O banco passou a descontar o valor mensal de R$ 84,17. O dinheiro deveria ser pago em 72 vezes, o que dá pouco mais de R$ 6 mil.

A família alega que o Santander negou a fraude e apresentou um documento. Entretanto, para eles, a página utilizada foi referente a documentos antigos, e a segunda página do documento não tem ligação com a primeira.

Por fim, o BMG que depositou dinheiro para seu José; Um primeiro empréstimo foi feito em 2017, e em 2019 um refinanciamento no valor de R$ 276 também foi feito. Todos esses em um período que o idoso já havia sido diagnosticado com demência.

O que diz a advogada

Joice Léa Callero é a advogada de seu José e já entrou na justiça com ações referente aos três empréstimos e falou sobre o caso.

“A situação fere artigos da Constituição Federal, o Estatuto do Idoso, o Código do Consumidor e a dignidade humana. A família tem arcado com o prejuízo para poder pagar esses valores. Os bancos precisam investigar para saber quando os empréstimos ocorrem de forma legal. A vítima não pode arcar com os erros dele”.  

Ela ainda explicou quais serão os próximos passos e fez uma alerta para pessoas que possam estar passando pela mesma situação.

“Estamos pedindo a devolução do valor indevido e indenização por danos morais. E pedimos em caráter de urgência que os descontos sejam cessados. E para outras pessoas que possam estar passando por isso, elas podem fazer o bloqueio de empréstimo no site do INSS”.

A família

Josenilda Ribeiro contou ao Varela Net como essa situação tem impactado na família.

“Meu pai precisa de medicamentos, de uma alimentação especial. E não sai da cama. Então isso impacta bastante, já que temos que estar juntando dinheiro, vendo quais medicamentos conseguimos pegar no posto. E as vezes temos que escolher qual medicamento nós iremos conseguir comprar, já que são medicamentos caros, mas que ajudam a manter meu pai vivo”, contou ela.

O que dizem os bancos após contato do Varela Net

BMG - Informo que a Ouvidoria do Banco Bmg entrou em contato com a Dra. Joice, advogada do Sr. José, encaminhando para seu e-mail a cópia do contrato firmado referente a contratação de um cartão consignado, bem como uma minuta esclarecendo a sistemática do produto. Sendo assim, o Banco Bmg permanece à disposição para esclarecer o que for necessário.

Itaú – O Banco Itaú afirma que tentou entrar em contato com a advogada do idoso, mas não conseguiu retorno. Já a pofissional diz que não recebeu nenhuma tentativa de contato.

Santander – O Varela Net entrou em contato com o Banco Santander, mas não obteve retorno.

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