NotíciasCidadeAssassinatos de motoristas por app durante roubos quadriplicam em 1 ano na Bahia

Assassinatos de motoristas por app durante roubos quadriplicam em 1 ano na Bahia

Entre janeiro e agosto deste ano, oito condutores já foram mortos na Bahia, sendo três somente na última semana em Salvador; Categoria pede mais segurança

| Autor: Jefferson Domingos

Foto: Varela Net/Divulgação

Ligar a TV no jornal e ver notícias sobre atentados à motoristas por aplicativos na Bahia. Essa é a triste realidade que tem se tornado cada vez mais comum na rotina desses profissionais. O número de mortes de condutores por app durante roubo - latrocínio - quadruplicou em 2022. Entre janeiro e agosto deste ano, oito motoristas foram assassinados.

Os casos foram registrados em Salvador (3), Simões Filho (1), Itapetinga (1), Feira de Santana (2) e Ilhéus (1). Os dados representam um grande aumento em comparação com o mesmo período do ano passado, quando dois condutores foram mortos. Os dados são do Sindicato dos Motoristas por Aplicativo da Bahia (Simactter).

As três mortes em Salvador foram registradas somente nos últimos sete dias. A vítima mais recente foi Clésio Nunes, de 39 anos, morto a tiros na última terça (16).

Morador de Pernambués, ele teve o carro deixando no Cabula e o seu o corpo foi encontrado em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. Antes de Clésio, Florisvaldo Rodrigues Filho, 46 anos, foi assassinado a tiros durante uma corrida na noite de domingo (14), na Avenida Pinto de Aguiar.

Quatro dias antes, o também motorista Ednoel Santos Moura, de 40 anos, foi baleado e morto durante uma troca de tiros entre suspeitos de assalto e a Polícia Militar, na estrada CIA-Aeroporto.

Dez assaltos por dia

Diretor do Simactter, Lucas Magno afirma que os casos recentes só refletem o aumento da insegurança no cotidiano dos profissionais. “A violência se tornou cotidiana na vida do motorista por aplicativo. Hoje temos a quantidade de 10 motoristas assaltados por dia, o que resulta em 300 condutores assaltados por mês”, pontua.

Entre as ações de segurança que poderiam ser adotadas para prevenir esses crimes, o diretor do Simactter sugere que a Polícia, durante as blitzes nas vias da capital, também aborde o passageiro, e não apenas o motorista. “Estamos em busca de uma parceria com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) porque, nas blitzes, em Salvador e Região Metropolitana, só é abordado o motorista.

"O intuito é que aborde o passageiro também. Quando a polícia nota que é um carro de aplicativo, com passageiro dentro, é ideal que o carro seja abordado”, ressalta Lucas Magno. 

“Não sabemos quem a gente está levando para determinados locais e, muitas vezes, não se trata da população de bem e são bandidos armados a ponto de tirar a vida do motorista por aplicativo”, completa o representante da categoria.

A SSP-BA, por sua vez, afirma que tem reforçado as ações voltadas para prevenir crimes contra motoristas por aplicativos e taxistas. O órgão de segurança ainda ressala a intensificação das blitzes com objetivo de prevenir. A SSP disponibiliza, por meio da Superintendência de Telecomunicações, um número exclusivo voltado para a comunicação imediata de furto ou roubo para os motoristas profissionais, permitindo o acionamento e a atuação mais ágil dos policiais.

Em nota, a Uber afirma que tem como foco a prevenção de crimes contra os profissionais e que o aplicativo dispõe de um recurso de checagem de documentos de usuários.“Ferramenta inédita no Brasil, por meio da qual alguns dos usuários que optarem por pagar sua primeira viagem em dinheiro, sem fornecer dados do meio de pagamento digital, precisarão fornecer um documento de identidade”, diz o texto.

A reportagem tentou entrar em contato com a 99 Pop, outra grande empresa do ramo do transporte por aplicativo, mas ainda não obteve retorno.

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