NotíciasBrasilRaimundo Varela: criador do Balanço Geral e ícone da comunicação popular no Brasil

Raimundo Varela: criador do Balanço Geral e ícone da comunicação popular no Brasil

Há dois anos, o jornalismo se despedia do baiano que transformou a TV com um formato inovador e deu voz ao povo como ninguém

| Autor: Iarla Queiroz
Raimundo Varela: criador do Balanço Geral e ícone da comunicação popular no Brasil

Foto: Reprodução / Record TV

No dia 7 de setembro de 2023, o Brasil perdeu Raimundo Varela Freire Júnior, um dos maiores comunicadores do país. Mais conhecido apenas como Varela, o apresentador e radialista baiano não foi apenas uma referência local: ele revolucionou a comunicação nacional ao criar o formato do Balanço Geral, programa que se tornou uma franquia de sucesso em toda a Rede Record, ajudando a moldar o jornalismo popular brasileiro.

Da infância humilde ao estrelato na TV

Nascido em Itabuna, em 30 de novembro de 1947, Varela cresceu no bairro de Periperi, em Salvador, numa infância simples e marcada pela disciplina dos pais, que eram professores. Antes de chegar à TV, viveu muitas vidas: foi operário de fábrica, diretor de clube social, jogador de futebol no Leônico e no Ypiranga, até ganhar espaço no jornalismo esportivo.

Sua estreia na comunicação veio por acaso, como jurado no programa Big Ben, da TV Itapoan. Mas o improviso virou destino: logo foi convidado para comentar partidas no Papo de Bola e, mais tarde, ganhou projeção no Telesporte e no O Povo na TV.

O nascimento do Balanço Geral

Foi em 1980 que Varela criou o projeto que mudaria sua história — e também a da televisão brasileira. Com a proposta de unir jornalismo, denúncia social e prestação de serviços, nasceu o Balanço Geral.

O programa, exibido primeiro na Bahia, trazia o povo para o centro da notícia. Com seu estilo irreverente, os cartões verde e vermelho e a clássica batida na mesa, Varela transformou a atração em sinônimo de credibilidade e audiência.

O impacto foi tão grande que, anos depois, a Record levou o formato para todo o país, consolidando o Balanço Geralcomo uma das maiores marcas da TV aberta brasileira.

Resiliência e legado

Mesmo após enfrentar sérios problemas de saúde — incluindo um transplante de fígado e rim em 2006 — Varela voltou ao ar e manteve o sucesso do programa. Durante a pandemia, já afastado dos estúdios, seguiu participando de casa, mantendo viva sua marca: falar diretamente com o povo.

Mais do que bordões ou audiência, Varela deixa um legado de proximidade, coragem e autenticidade. Foi chamado de “ouvidor do povo” porque, de fato, levava ao ar as dores, denúncias e necessidades da população mais simples, sem medo de enfrentar poderosos.

Um nome que ultrapassou fronteiras

Embora seja reconhecido como o “pai da comunicação baiana”, Raimundo Varela ultrapassou as fronteiras do estado ao criar um formato televisivo que se espalhou por todo o Brasil. Seu jeito de comunicar influenciou gerações de jornalistas, consolidou o jornalismo popular como fenômeno de audiência e abriu caminhos para que outras vozes surgissem no rádio e na TV.

Dois anos sem Varela

No segundo aniversário de sua partida, o Brasil relembra não apenas um comunicador, mas um símbolo da televisão que acreditava na força da palavra simples, direta e acessível. Raimundo Varela mostrou que jornalismo é, antes de tudo, um compromisso com o povo — e é por isso que continua sendo lembrado como um dos maiores nomes da comunicação nacional.

Tags

Notícias Relacionadas