Famílias de vítimas da zika cobram governo Lula por atraso em pensão e indenização
Apesar da lei aprovada, benefício de R$ 8 mil mensais ainda não começou a ser pago às crianças

Foto: Ricardo Stuckert / PR
Famílias de crianças com síndrome congênita do zika vírus seguem sem receber a pensão vitalícia e a indenização de R$ 50 mil prometidas por lei sancionada no início de julho. A situação tem gerado revolta entre mães e associações que lutam há anos por apoio do Estado. As informações são da coluna de Carlos Madeiro, no portal UOL.
Mesmo com o compromisso de agilidade nos pagamentos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não deu qualquer resposta oficial sobre o início da liberação dos recursos. O benefício foi garantido após o Congresso Nacional derrubar, em 17 de junho, o veto presidencial ao projeto de lei que previa a compensação financeira às vítimas.
Desde então, ficou estabelecida uma pensão vitalícia no valor de R$ 8.157,41 por mês, além do pagamento único da indenização de R$ 50 mil. Contudo, o cenário preocupa as famílias e organizações que prestam apoio às crianças afetadas.
Em Pernambuco, estado com o maior número de vítimas, a principal associação de apoio foi forçada a encerrar suas atividades por falta de recursos — houve uma queda de mais de 90% nas doações após o anúncio da lei, o que fez muitos doadores acreditarem que as famílias já estariam amparadas financeiramente.
Diante do silêncio do governo e da ausência de repasses, entidades estaduais têm mobilizado mães para pressionar as autoridades nas redes sociais. “Estamos pedindo apenas que cumpram a lei e tratem nossos filhos com a dignidade que merecem”, relatou uma das mães à coluna.
Epidemia e números ocultos
O vírus da zika chegou ao Brasil em 2015 e causou uma epidemia de grandes proporções, especialmente no Nordeste. Entre 2015 e 2016, ao menos 1,5 milhão de brasileiros foram infectados, e cerca de 3.500 casos de microcefalia foram registrados em decorrência da infecção durante a gestação. No entanto, especialistas consideram esses dados subnotificados.
De acordo com o Ministério da Saúde, de 2015 a 2023 foram notificados 22.251 casos suspeitos de Síndrome Congênita do Zika (SCZ), com 1.828 confirmações. A maior parte dos casos — 75,5% — está concentrada na região Nordeste, onde o impacto da epidemia foi mais severo e duradouro.