NotíciasBrasilDia Mundial de Conscientização do Autismo: inclusão, desafios e acolhimento

Dia Mundial de Conscientização do Autismo: inclusão, desafios e acolhimento

Confira o relato de uma mãe atípica TEA que abdicou de tudo para se dedicar ao desenvolvimento do seu filho

| Autor: André Souza

Foto: Reprodução

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é celebrado hoje, dia 02 abril, a data foi idealizada pela ONU (Organização das Nações Unidas) desde 2007. Com o objetivo de propagar um conhecimento mais amplo sobre o autismo e promover uma sociedade mais inclusiva para pessoas dentro do espectro autista. A data, é também uma oportunidade para refletir sobre as necessidades, desafios e talentos das pessoas autistas, além de destacar a importância do respeito, aceitação, apoio e direitos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada 100 crianças são afetadas pelo autismo no mundo todo. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) se manifesta através de desafios na comunicação e interação social. Além disso, pode apresentar comportamentos repetitivos, interesses restritos e sensibilidade aumentada a estímulos sensoriais, como sons altos, odores fortes e aglomerações. Dificuldades de aprendizagem e a necessidade de seguir rotinas específicas também são características frequentes do TEA.

Inclusão

Uma das principais mensagens deste dia é a importância da inclusão e do apoio às pessoas autistas em todos os aspectos da vida, desde a educação até o emprego e a comunidade em geral. Isso envolve criar ambientes acessíveis, oferecer oportunidades de aprendizado e desenvolvimento, e promover uma cultura de aceitação e respeito pela neurodiversidade.

Entretanto essa realidade é um pouco diferente, é o que conta a comerciante, Gilvonice Andrade dos Santos, de 42 anos, mãe atípica TEA (expressão destinada para mães de crianças com autismo), de Samir Santos de Jesus Pinho, de 8 anos

Questionada sobre como a sociedade pode ser mais inclusiva e acolhedora para crianças autistas, Gilvonice fez um forte desabafo sobre a rotina com seu filho em ambientes públicos.

"O que eu estou imaginando na sociedade é empatia, é respeito ao próximo, é amor ao próximo, é as pessoas se conscientizarem da importância da gente transmitir para o outro aquilo que a gente queria receber, que a gente quer receber, que a gente quer de volta. E é ruim sair, estar no meio de pessoas e a gente vê assim a rejeição das pessoas quando se trata de um autista.”

"Porque nem todo lugar, a gente sabe que as crianças autistas são aceitas, tem a questão da interação da socialização, muitos tem que ter um preparo antes para se comunicar para se adaptar aquelas crianças, aquele meio, então tudo isso acho que se as pessoas se unirem né, todos em um propósito, teremos uma perspectiva melhor de inclusão em todas as áreas, não só no autismo, mas em outros transtornos também."

Arquivo Pessoal

Desafios

Mesmo com os progressos na conscientização e na inclusão, as pessoas dentro do espectro autista ainda enfrentam uma série de desafios, incluindo acesso a serviços de saúde e educação adequados, estigma social, discriminação e dificuldades de integração social. O Dia Mundial de Conscientização do Autismo também destaca essas questões e busca inspirar ações concretas para enfrentá-las.

Gilvonice cita a dificuldade em encontrar acesso a serviços no tratamento do seu filho e também lamenta alguns desafios que encontrou na sua vida por conta de abdicar da sua rotina para se dedicar totalmente ao cuidado do seu filho.

"Tudo na questão do SUS é mais difícil, neuropediatra, psiquiatra. Tudo que se refere ao tratamento, ao acompanhamento das crianças autistas é com muita dificuldade. Então, se falta os órgãos competentes, criar meios para que nós sejamos inseridos.” lamentou Gilvonice.

“Eu não sabia que eu ia ter que fazer algumas renúncias para ser cuidadora, para ser mãe de verdade, e eu tive que renunciar... Então para mim foi muito desafiador mesmo porque eu sempre gostei de ser professora, me formei em pedagogia, estou terminando hoje um curso de psicopedagogia clínica institucional e justamente eu estudei para aprender a lidar com essas situações vividas com meu filho no momento de crise, criar situações para que eu venha, né, e estimular a ele o interesse na aprendizagem também, então assim eu parei de viver minha vida de ser professora, na escola atuando presencialmente, para estar em casa com ele.”, finalizou Gilvonice.

Acolhimento

À medida que celebramos o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, é fundamental lembrar que a verdadeira inclusão vai além de apenas reconhecer a existência das pessoas autistas - trata-se de criar um mundo onde todos sejam valorizados, respeitados e capacitados a alcançar seu pleno potencial, independentemente de sua neurodiversidade. Que este dia nos inspire a trabalhar juntos para construir uma sociedade mais inclusiva, compreensiva e acolhedora para todos.

“E que não só hoje, mas como todos os dias, as pessoas, o ser humano, eles aprendam a amar, eles aprendam a incluir, eles aprendam a respeitar, a abraçar essas crianças com o transtorno do espectro autista e as suas famílias também. As famílias precisam ser acolhidas, porque a gente não precisa ter um autista na família para a gente se importar com o outro, para a gente sentir a dor do outro, não.” finalizou Gilvonice.

Tags

Notícias Relacionadas