NotíciasBrasilConselheira tutelar desabafa sobre jovem morto por leoa: 'Sofreu todo tipo de violação'

Conselheira tutelar desabafa sobre jovem morto por leoa: 'Sofreu todo tipo de violação'

Profissional trabalhou lado a lado com Gerson por oito anos

| Autor: Redação - Varela Net
Conselheira tutelar desabafa sobre jovem morto por leoa: 'Sofreu todo tipo de violação'

Foto: Reprodução

A conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou o jovem Gerson de Melo Machado, de 19 anos, morto por uma leoa no último domingo (30), revelou que a vida do jovem foi marcada por abandono, pobreza extrema e transtornos mentais não tratados. Segundo ela, o jovem "sofreu todo tipo de violação de direito" ao longo de sua vida. 

Verônica revelou em um comentário nas redes sociais que Gerson cresceu sem o apoio familiar e teve a infância atravessada pela vulnerabilidade. Filho de uma mãe com esquizofrenia e criado em um ambiente com avós também com problemas mentais, ele viveu anos em difíceis condições. 

Ela relembra que conheceu o menino quando ainda tinha 10 anos, após ele ser encontrado sozinho em uma BR pela PRF. Desde então, ele começou a integrar uma rede de proteção. Mesmo destituído do apoio e carinho familiar, Gerson insistia em procurar a mãe. “Ele amava a mãe e sonhava que ela conseguisse cuidar dele”, contou. Ainda assim, a mulher - também fragilizada pela própria condição - não conseguia assumir os cuidados.

Dos irmãos, ele foi o único que não conseguiu uma família adotiva. Segundo Verônica, isso ocorreu devido ao possível transtorno mental. “A sociedade quer adotar crianças perfeitas, coisa impossível dentro do acolhimento institucional, onde só chegam diante de negligência extrema”, afirmou.

O jovem também tinha o desejo de viajar à África para "cuidar de leões". A conselheira relata que ele falava sobre isso desde a infância - desejo que chegou a motivar uma tentativa de invadir a área de um avião para chegar ao continente africano.

Mesmo sendo acompanhado pelo Conselho Tutelar, o diagnóstico oficial sobre seus reais transtornos só ocorreu quando Gerson entrou no sistema socioeducativo. “Por oito anos, tudo que o conselho podia fazer foi feito. Mas ele foi diagnosticado tarde demais”, disse Verônica, que lembra ter discordado de avaliações que classificavam o caso apenas como “comportamental”.

Varela Net agora mais perto de você: receba as notícias em tempo real no seu WhatsApp clicando aqui.

Tags

Notícias Relacionadas