Bahia decreta luto de três dias pela morte de Mãe Carmen do Gantois

O governo da Bahia decretou luto oficial de três dias após a morte de Mãe Carmen do Gantois, uma das mais respeitadas lideranças religiosas do estado e ialorixá do tradicional Terreiro do Gantois, em Salvador. A medida foi publicada em edição extra do Diário Oficial do Estado nesta sexta-feira (26) e expressa o pesar oficial pela perda da religiosa aos 98 anos. 

Carmen Oliveira da Silva, conhecida como Mãe Carmen de Oxalá, faleceu nas primeiras horas desta sexta-feira em Salvador, após um período de internação para tratar de complicações decorrentes de uma forte gripe. Filha mais nova de Mãe Menininha do Gantois, uma das figuras mais emblemáticas do Candomblé no Brasil, ela dedicou grande parte de sua vida ao culto aos Orixás e à preservação da ancestralidade religiosa.

À frente do Ilé Ìyá Omi À?? Ìyámase — nome oficial do Terreiro do Gantois — desde 2002, Mãe Carmen foi uma referência espiritual, cultural e social, fortalecendo o diálogo inter-religioso e promovendo iniciativas que valorizaram a cultura afro-brasileira, não apenas na Bahia, mas no país. Sua trajetória foi marcada pela continuidade dos saberes tradicionais transmitidos por gerações. 

Em suas redes sociais, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) manifestou solidariedade aos familiares, amigos, filhas e filhos de santo e à comunidade religiosa. Ele destacou que a atuação de Mãe Carmen representou “um pilar para o fortalecimento das religiosidades de matriz africana” e ressaltou o papel histórico da líder religiosa para a identidade cultural da Bahia. 

Autoridades municipais e lideranças comunitárias também prestaram homenagens à ialorixá. O prefeito de Salvador, Bruno Reis, lembrou a importância de sua sabedoria e amor ao próximo, e demais representantes políticos expressaram carinho e reconhecimento pela contribuição de Mãe Carmen à vida espiritual e social da capital baiana.

O corpo de Mãe Carmen foi recebido com homenagens no Terreiro do Gantois, localizado no bairro da Federação. Amigos, parentes e membros da comunidade religiosa participaram das cerimônias de despedida, que seguem as tradições do Candomblé e celebram a vida e o legado da ialorixá enquanto símbolo de fé, memória e resistência cultural. 

Com o decreto de luto oficial, o estado presta tributo à trajetória de uma líder espiritual cuja atuação deixou marca duradoura no fortalecimento da cultura e religiosidade afro-brasileira, unindo gerações em torno de valores de ancestralidade e diversidade.